Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Coxa, Haddad prega para convertidos e dá esperança a Ciro Gomes https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/07/coxa-haddad-prega-para-convertidos-e-da-esperanca-a-ciro-gomes/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/07/coxa-haddad-prega-para-convertidos-e-da-esperanca-a-ciro-gomes/#respond Fri, 07 Sep 2018 18:16:12 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/fernando-haddad-2-1920x1096-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=977 Petistas comemoraram nas redes sociais o desempenho de Fernando Haddad em entrevista à Globonews na noite de quinta-feira (6). Convidado formalmente como vice para a série de sabatinas da emissora, o ex-prefeito, como se sabe, é o virtual candidato do PT à eleição presidencial.

Compreende-se que sua performance tenha agradado a militantes de classe média e da esquerda caviar que acompanharam o programa. Haddad comportou-se como um advogdo de seu partido esgrimindo argumentos do tipo inteligentes e articulados  –alguns bons, outros fracos— para condenar as assimetrias que se impuseram com a condenação de Lula e denunciar o papel dos derrotados por Dilma, a começar pelo tucano Aécio Neves,  na articulação de uma conspiração para invalidar o resultado das urnas.

Haddad falou para uma plateia de gente educada progressista, que é o seu forte. Obrigado a carregar o peso do arco de tendências do PT, onde não é e nem nunca foi unanimidade, viu-se constrangido a ser tímido no reconhecimento dos erros cometidos pelo partido e ranzinza na resistência à autocrítica e à flexibilidade.

Aguns parecem ter visto na entrevista um duelo entre a mídia golpista e o super-herói lulista. Bobagem. Primeiro porque hoje existem dois tipos de golpistas no Brasil, os que eram aliados do PT e os que continuam sendo.

Depois porque não é esse o ponto. Embora a Globonews não seja fórum de massas, a questão é saber se o ex-prefeito vai conseguir ter apelo popular, o que lhe faltou em São Paulo, e se será capaz de seduzir parcela dos não convertidos de classe média.

Haddad, goste-se ou não, é coxa. É hoje o mais tucano, no sentido histórico, dos petistas. Na entrevista,  arrumadinho, parecia uma espécie de new FHC do quem sabe new PT.

Se for nessa toada, vai depender, ainda mais do que se poderia imaginar, do dedaço de Lula. E enquanto não se opera o milagre da transmutação, Ciro Gomes parece ganhar espaço para crescer no espectro da centro-esquerda.

 

 

 

 

 

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Temer, o rejeitado, caiu na real; mas Meirelles, o iludido, ainda não https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/22/temer-o-rejeitado-caiu-na-real-mas-meirelles-o-iludido-ainda-nao/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/22/temer-o-rejeitado-caiu-na-real-mas-meirelles-o-iludido-ainda-nao/#respond Tue, 22 May 2018 19:23:07 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/2e583dd6b91d37fb3285a5bc5764e1b28fec546b552d879942727bbed52c7e69_5b04639d93a33-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=638  

Depois do devaneio de lançar-se à reeleição, quando apareceu em programas populares de TV, garantiu que defenderia seu legado e acreditou ter descortinado uma “jogada de mestre” ao decretar a intervenção no Rio, eis que Michel Temer caiu na real. Após novas pesquisas, que só confirmaram seus recordes de impopularidade, e na sequência de pressões de seu círculo próximo para que largasse o osso, Temer, o rejeitado, abdicou em favor de Meirelles, o iludido.

O ex-ministro da Fazenda, que também poderia ter como epíteto “o vaidoso”,  parece nutrir ambições presidenciais que, não fosse o senador José Serra (PSDB), poderiam ser consideradas sem paralelo. Meirelles tem a vantagem de possuir recursos para invetir em campanha e pertencer a uma legenda grande, com tempo de TV. Mas não tem nenhum enraizamento político. É mais para outsider do que outra coisa. E o que seria seu carro-chefe,  a sonhada  recuperação vigorosa da economia pós-Dilma, deu  lá uma andada, mas furou o pneu. Claro que o candidato contará com simpatias do mercado, mas isso não basta para ganhar eleição. Ademais, se o cálculo conspiratório do advento do espetáculo do PIB tivesse acontecido, seria, afinal, Temer, não Meirelles, o nome do MDB.

Apesar dos apelos do presidente, dificilmente o partido vai se unir em torno da candidatura. Nomes como Renan Calheiros, Roberto Requião e Eunício de Oliveira tendem a sair de lado. Quanto às possibilidades de futuro entendimento com Geraldo Alckmin, ainda é cedo para saber. O tucano tem muito mais estrada e mais perspectivas como candidato do que o ex-ministro.

A possibilidade, aliás, de que se repita em 2018 o padrão de uma candidatura de centro-direita contra outra de centro-esquerda não parece mais tão improvável quanto já pareceu. Alckmin, apesar de ainda estar em patamares baixos nas pesquisas, tem boas chances de ser o nome da centro-direita. Quanto à  centro-esquerda, Ciro Gomes, por ora, parece ter mais cancha para prosperar. Resta esperar a turma do PT receber alta do hospício para ver o que vai acontecer. Mas não é de descartar um racha, que leve alguns petistas mais equilibrados a apoiar a candidatura do PDT. A ver.

 

FOTO – Meirelles e Temer em Brasília, 22.05.2018. REUTERS/Adriano Machado

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Saída de Batman ajuda, mas Temer e economia atrapalham liga da direita https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/08/saida-de-batman-ajuda-mas-temer-e-economia-atrapalham-liga-da-direita/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/08/saida-de-batman-ajuda-mas-temer-e-economia-atrapalham-liga-da-direita/#respond Tue, 08 May 2018 18:59:40 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/15241650895ad8e9e1b0517_1524165089_3x2_lg-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=603 A desistência de Joaquim Barbosa de se apresentar como candidato às eleições presidenciais era uma possibilidade levada em conta por muitos analistas políticos, que viam com ceticismo a movimentação em torno do lançamento do ex-ministro do Supremo.  Ainda que mais recentemente estivesse em alta a ideia de que Barbosa concorreria, por causa dos bons resultados em pesquisas de intenção de voto, o recuo não chega a ser uma grande surpresa.

Sem Barbosa, animam-se as demais candidaturas, que viam no Batman um potencial canalizador de votos da centro-esquerda e da centro-direita. Mais do que todos, parece animar-se o grupo do tucano Geraldo Alckmin, candidato que vem encontrando persistentes dificuldades para decolar –embora seja cedo para prognósticos mais definitivos, num quadro em que é relevante a parcela dos eleitores indefinidos

Alckmin, em tese, seria o candidato da liga da direita que melhor se sairia na corrida eleitoral, caso o pensamento econômico desejante que apoiou a deposição de Dilma Rousseff tivesse atingido seus objetivos.

Os planos iniciais da aliança da direita liberal com a patrimonialista era colocar a economia em rápido crescimento, por obra de um milagre das expectativas e de um acordão para que a malta congressista entregasse as medidas consideradas necessárias para animar o mercado –entre as quais brilhava a mudança da Previdência.

Imaginava-se que a essa altura o espetáculo da retomada estaria em cena e atrairia a simpatia do eleitorado para as candidaturas identificadas com a agenda liberal reformista.

Não deu muito certo, convenhamos. Em que pesem algumas reformas entregues pelo governo Temer, a tão almejada (e fetichizada) reforma previdenciária não saiu do papel e a economia segue patinando, com desemprego altíssimo, déficit público explosivo e muitas incertezas. Quanto ao governo, bate recordes de impopularidade e vê-se às voltas com a polícia e a Justiça.

Nesta semana, as expectativas de um crescimento expressivo em 2018 viram-se mais uma vez aplacadas por revisões para baixo nas estimativas do PIB.

Apesar de toda a encenação técnica, assistiu-se no passado recente a uma amplificação desejante de um programa econômico que, embora defensável em vários aspectos, não poderia dar certo sem que se levassem em conta as condições políticas para sua implantação. Revolução liberal com Temer, Jucá, Angorá, Geddel e companhia nunca me pareceu uma ideia muito brilhante.

Uma vez que os economistas liberais, assim como todos os demais economistas, nunca erram, não se vê autocrítica. Em vez disso, surgem especulações nebulosas do tipo “tem alguma coisa aí que não está funcionando e não sabemos o que é” –uma tentativa obscurantista de encontrar uma jabuticaba que venha a explicar o que na realidade foi um cálculo político equivocado estufado por “wishful thinking”.

Ainda assim, e apesar de todas as suas deficiências, a candidatura de centro-direita, ou de direita, representada por Geraldo Alckmin tem lá suas chances de prosperar. Bem como uma candidatura de centro-esquerda. O PSDB e o PT, apesar do desmanche, ainda são pólos importantes na política organizada e certamente terão peso no processo eleitoral.

Mas o fiasco político e moral de Temer e a decepcionante resposta da economia às medidas que se anunciavam salvadoras e de efeito relativamente rápido são fatores que podem contribuir para aventuras indesejadas –com ou sem Batman.

 

FOTO: O ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa em evento em Brasília – Pedro Ladeira-19.abr.18/Folhapress

 

 

 

 

 

 

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Lava Jato não é santa, nem Lula é freira em prostíbulo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/01/25/lava-jato-nao-e-santa-nem-lula-e-freira-em-prostibulo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/01/25/lava-jato-nao-e-santa-nem-lula-e-freira-em-prostibulo/#respond Thu, 25 Jan 2018 04:31:39 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=277 Não é difícil considerar que a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido a consequência presumível de uma conspiração iniciada tão logo o senador (ainda senador, não?) Aécio Neves viu-se derrotado em sua cozinha mineira por Dilma Rousseff. Uma das mais medíocres personagens políticas que o Brasil já levou à Presidência da República, a petista foi  legitimamente eleita após uma campanha em que certamente mentiu (mas quem não?) ao prometer, sem poder cumprir, a continuidade das benesses que a maioria dos eleitores identificava como fruto do melhor ciclo petista.

Sua deposição foi provocada por supostos crimes contábeis, considerados bem mais graves pela articulação dominante do que a “armação” que o  atual presidente (“tem que manter isso, viu”) apontou nas duas denúncias por corrupção apresentadas pela PGR contra ele. Conjunto da obra por conjunto da obra, difícil perder historicamente para a turma que votou pelo impeachment.

Não há como contestar as inclinações político-ideológicas da Lava Jato –tampouco seus acertos.

Foi e é indefensável a decisão do ministro Gilmar Mendes (essa caricatura “bem preparada”, e por isso mesmo mais deplorável, do nosso fetiche bacharel-farsesco a serviço do “establishment”)  de aniquilar numa penada a cristalina prerrogativa constitucional de o Executivo designar um ministro (Lula para a Casa Civil) –e em rápida sequência do constrangedor e espetacular abuso constitucional cometido intencionalmente pelo juiz Sergio Moro ao divulgar um áudio da presidente da República.

Moro, santamente, pediu desculpas ao STF e ficou santamente por isso mesmo. Em qualquer país sério, seria pênalti passível de cartão vermelho.

Depois desse episódio, nada poderia ser recebido como surpresa em matéria de vamos retirar o PT da sala.

Posto isso,  o petismo  não melhora muito as coisas. O PT, lamento dizer, roubou como gente grande e se aliou com o pior que existe na política brasileira, como bem prova (nesse caso, prova irrefutável) a escolha, em duas eleições, de seu vice-presidente.

A esquerda brasileira perdeu o bonde da história e cegou-se com o poder. Vive no contexto ideológico de meados do século 20 e continua incapaz de fazer autocrítica por modesta que seja. Nada de novo nesse front.

A direita e a “mídia”, eis as grandes culpadas pelos erros e fracassos estrondosos cometidos pelo petismo e seus aliados de direita, fisiológicos, bíblicos e patrimonialistas.

Lula, aliás, já tinha dito em 2015 que  o PT precisava de uma revolução: perdera a utopia e só pensava em cargos e ganhar eleição. “Temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos ou nosso projeto”, disse o líder há três anos. Ao que se vê, não salvaram nenhum dos três.

Grande parte do partido e de seus parceiros íntimos, como Sérgio Cabral (só para citar o corrupto ostentação brother de Lula, amigão de Copa e Olimpíada, nosso esportivo  Maluf à beira-mar), foi apanhada no exercício da mais deslavada corrupção (desculpe o udenismo, mas corrupção existe) contra o patrimônio público. O famoso desvio de dinheiro do povo. Bilhões. Declarados, aliás, por baixo, em balanço oficial da Petrobras. Para não falar do loteamento a serviço da rapinagem em outras estatais –que Lula, claro, não sabia.

– Ah, mas os tucanos não são corruptos também?

Bem, respondo: sim, ao que se observa, muitos –além do neto de Tancredo, já desmoralizado. Paulo Francis, aliás (waaaaal, I love this guy), denunciou a roubalheira na Petrobras durante o governo Fernando Henrique Cardoso, como se pode ver neste vídeo imperdível para quem não conhece essa história.

Mas, enfim, pergunto, a ideia não era acabar com isso?

– Ah, mas não dava, né? Tinha que manter a “governabilidade”…

Jura?

Lula não é inocente. Nem eu. Outros que mereciam condenação não serão jamais condenados? Certamente. Injustiça? Sim.

Nada disso, contudo, faz de Lula (e do PT) essa freira no prostíbulo.

Respeito muito suas lágrimas. E os fiéis, as crenças e as procissões.

Mas não tenho religião.

PS – Lamento também que esse veredito tenha contrariado as argumentações jurídicas de Reinaldo Azevedo, meu candidato a próximo ministro do STF.

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