Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por que Bolsonaro na Presidência é um perigo anunciado https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/28/por-que-bolsonaro-na-presidencia-e-um-perigo-anunciado/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/28/por-que-bolsonaro-na-presidencia-e-um-perigo-anunciado/#respond Fri, 28 Sep 2018 04:00:48 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/15380778725bad34b03654a_1538077872_3x2_md-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=1006 Não são apenas as inclinações autoritárias e as opiniões truculentas, racistas, misóginas e homofóbicas que fazem de Jair Bolsonaro um candidato perigoso. O perfil ultradireitista, ao estilo dos autocratas fascistoides de nosso tempo, é deplorável, mas pelo menos há instituições que podem conter investidas nesses campos  –Constituição, leis, Justiça, movimentos sociais, oposição congressual etc.

Há outros aspectos, talvez menos comentados, que a meu ver fazem do capitão reformado um risco anunciado caso assuma a Presidência da República. São  carcterísticas que contrastam com as dos demais concorrentes mais citados nas pesquisas –Haddad, Ciro Gomes, Alckmin e Marina.

1 – Bolsonaro não tem  vivência como gestor público e não possui nenhum enraizamento partidário ou base social minimamente estruturada.

É uma espécie de Capitão Nascimento eleitoral. Uma projeção infantil de setores da sociedade brasileira, que na eterna busca por autoridades paternais e salvadores da pátria acreditam que os problemas do país possam ser resolvidos com a contratação de um segurança. 

2 – Na ausência de alicerces políticos e estrtura na sociedade civil, Bolsonaro procura preencher o vazio com a única instituição que parece realmente prezar: o Exército. Este, no final das contas, é o seu “partido”. Além de Mourão, seu vice trapalhão, ao menos nove generais e um brigadeiro atuam em posições estratégicas de sua campanha. Alguns deles e outros tantos serão convocados a assumir ministérios.

3 – Embora estejam todos na reserva, já que militares não podem participar da política, tal condição não os isola do oficialato e da tropa. Foram todos comandantes ou colegas de gente que permanece na ativa -tenentes que hoje são majores, capitães que se tornaram coronéis etc. Tais laços são um atalho para uma situação potencialmente explosiva e indesejável: a politização das Forças Armadas.

4 – As visões econômicas de Bolsonaro são, para dizer o mínimo, precárias e confusas. Paulo Posto Ipiranga Guedes, um mitômano, na definição de Pérsio Arida, é quem fala pelo candidato –e o faz de maneira inquietante. Já foi desautorizado pelo chefe ao dar declarações sobre a volta da CPMF e a redefinição de alíquotas do Imposto de Renda.

Nesta quinta (27), Mourão ajudou a aumentar o caos que parece presidir a campanha ao criticar o 13º salário e o adicional de férias dos trabalhadores, além de propor uma renegociação dos juros da dívida interna. Além disso, na paralela, novos elementos da confusa história da separação litigiosa da ex-mulher surgiram na Folha e na Veja, com acusações de ocultação de patrimônio e sumiço de bens guardados num cofre.

5 – Ainda na área econômica, não são desprezíveis as chances de que ocorra uma guinada caso o capitão seja eleito. Seus colegas de Forças Armadas são tradicionalmente mais inclinados ao nacionalismo estatizante, do qual o general Ernesto Geisel foi um exemplo, do que a defender a perspectiva ultraliberal.

Militares são em geral a favor de defender as riquezas nacionais e estão com frequência preocupados com o interesse “do americano” ou “do estrangeiro” em se apoderar da Amazônia e de nossos recursos naturais.

Programas privatistas radicais, que preconizem a venda de todas as empresas do Estado, além de outros bens públicos, como sugere Guedes, possivelmente vão enfrentar mais resistências do que encontrar eco na caserna.

6 – Considerando suas fragilidades, a inexperiência administrativa, as difíceis condições do país e a forte oposição que enfrentará, Bolsonaro corre o risco, se eleito, de fazer um governo marcado pela instabilidade. Naturalmente, nesse cenário, seu impulso será buscar apoio de seus colegas de  farda e da massa de eleitores. Em caso de um eventual impeachment ou de algum outro problema que possa afastá-lo do Planalto, o Brasil na prática será governado por um regime militarizado.

7 – Bolsonaro é uma holografia, uma fantasia, uma quimera. Seu prestígio político não é da ordem da racionalidade. Como insistem seus próprios seguidores, é um mito. E o Brasil a essa altura não precisa de mitos.

 

FOTO NO ALTO – O general reformado Hamilton Mourão em palestra para empresários – Paulo Whitaker/Reuters

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Coxa, Haddad prega para convertidos e dá esperança a Ciro Gomes https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/07/coxa-haddad-prega-para-convertidos-e-da-esperanca-a-ciro-gomes/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/07/coxa-haddad-prega-para-convertidos-e-da-esperanca-a-ciro-gomes/#respond Fri, 07 Sep 2018 18:16:12 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/fernando-haddad-2-1920x1096-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=977 Petistas comemoraram nas redes sociais o desempenho de Fernando Haddad em entrevista à Globonews na noite de quinta-feira (6). Convidado formalmente como vice para a série de sabatinas da emissora, o ex-prefeito, como se sabe, é o virtual candidato do PT à eleição presidencial.

Compreende-se que sua performance tenha agradado a militantes de classe média e da esquerda caviar que acompanharam o programa. Haddad comportou-se como um advogdo de seu partido esgrimindo argumentos do tipo inteligentes e articulados  –alguns bons, outros fracos— para condenar as assimetrias que se impuseram com a condenação de Lula e denunciar o papel dos derrotados por Dilma, a começar pelo tucano Aécio Neves,  na articulação de uma conspiração para invalidar o resultado das urnas.

Haddad falou para uma plateia de gente educada progressista, que é o seu forte. Obrigado a carregar o peso do arco de tendências do PT, onde não é e nem nunca foi unanimidade, viu-se constrangido a ser tímido no reconhecimento dos erros cometidos pelo partido e ranzinza na resistência à autocrítica e à flexibilidade.

Aguns parecem ter visto na entrevista um duelo entre a mídia golpista e o super-herói lulista. Bobagem. Primeiro porque hoje existem dois tipos de golpistas no Brasil, os que eram aliados do PT e os que continuam sendo.

Depois porque não é esse o ponto. Embora a Globonews não seja fórum de massas, a questão é saber se o ex-prefeito vai conseguir ter apelo popular, o que lhe faltou em São Paulo, e se será capaz de seduzir parcela dos não convertidos de classe média.

Haddad, goste-se ou não, é coxa. É hoje o mais tucano, no sentido histórico, dos petistas. Na entrevista,  arrumadinho, parecia uma espécie de new FHC do quem sabe new PT.

Se for nessa toada, vai depender, ainda mais do que se poderia imaginar, do dedaço de Lula. E enquanto não se opera o milagre da transmutação, Ciro Gomes parece ganhar espaço para crescer no espectro da centro-esquerda.

 

 

 

 

 

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Capacidade de transmissão de votos de Lula para Haddad é a maior incógnita https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/22/capacidade-de-transmissao-de-votos-de-lula-para-haddad-e-a-maior-incognita/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/22/capacidade-de-transmissao-de-votos-de-lula-para-haddad-e-a-maior-incognita/#respond Wed, 22 Aug 2018 06:01:47 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/download-1.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=926 As pesquisas Ibope e Datafolha, que fecham o ciclo pré-campanha na TV e no rádio, convergem ao detectar um aumento das preferências pelo candidato  Luiz Inácio Lula da Silva. No levantamento do Datafolha divulgado nesta quarta (22/8), o petista atinge impressionantes 39%. O movimento coincide com o início da transição que o PT terá de fazer do ex-presidente, condenado em segunda instância, para seu vice de mentirinha, Fernando Haddad.

A ideia da sigla, como se noticia, é martelar por ora a dobradinha “Lula e Haddad” para em breve, com a provável inabilitação do postulante preso, mudar para  “Lula é Haddad”. A resiliência do líder petista aumenta a possibilidade de exploração da ideia de que uma injustiça é cometida em prejuízo da democracia –restando a escolha do ex-prefeito de São Paulo para o Brasil “voltar a ser feliz”.

Se vai dar certo, não se sabe, mas Haddad é pouco conhecido e tem um caminho a ser desbravado.

Não há dúvida de que a chamada “era Lula” é a grande referência presente de um tempo de resultados favoráveis para a maioria da população. É certo também que o governo Temer, marcado por enorme impopularidade, acusações de corrupção e insucessos variados, acabou por requalificar o lulismo, que parecia em certo momento nocauteado.

O petismo, não se discute, enfrenta problemas. Parcela expressiva (48%) diz que não votaria em alguém indicado por Lula. Retrato do momento ou tendência a se consolidar? Essa a pergunta que não quer calar: qual será afinal a capacidade de transmissão de votos do ex-presidente para Haddad? 

No front da direita, apesar de manter-se firme como segunda opção, Jair Bolsonaro pode estar batendo em seus limites. Não cai, mas também não sobre.  E é o rei da rejeição. Enquanto isso, Geraldo Alckmin continua patinando em baixos patamares, mas faz um brilhareco em simulações de segundo turno. Não é prudente descartar uma mudança de trajetória, dado o tempo de TV e as máquinas envolvidas na candidatura do ex-governador paulista.

Essas foram as últimas pesquisas de uma série importante, mas limitada pelo fato de a fase decisiva das campanhas (a partir de setembro, com o horário de TV) não ter começado. Muita água ainda vai correr, mas o desenho de uma final clássica entre “azuis e vermelhos” parece provável. Na pele de quem? Haddad x Alckmin seria uma boa aposta, mas ainda não mais do que isso. 

Sim, um tertius pode surgir –Marina tingiria de verde a disputa? Quem sabe. É bom lembrar que não estamos diante de uma eleição “normal” como outras. É larga ainda a magem para o imponderável.  

 

 

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