Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Guerra de Bolsonaro contra Mourão e de Olavo contra militares divide governo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/04/22/guerra-de-bolsonaro-contra-mourao-e-de-olavo-contra-militares-divide-governo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/04/22/guerra-de-bolsonaro-contra-mourao-e-de-olavo-contra-militares-divide-governo/#respond Mon, 22 Apr 2019 06:10:24 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/150757465359dbc37db69de_1507574653_3x2_md-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=1205 O investimento incessante do governo Bolsonaro em desinteligência, provocação e cizânia não se volta apenas contra os inimigos externos –a esquerda e os defensores de direitos civis e princípios civilizatórios, vistos como feiticeiros macabros do marxismo cultural e do globalismo.

A luta é travada também dentro de casa, sem cerimônia, com a característica rudeza da direita das cavernas que está no poder.

É o que se vê nas disputas acaloradas entre os chamados olavistas, em referência aos seguidores do ideólogo Olavo de Carvalho, e o grupo de generais que integra a administração, a começar pelo vice Hamilton Mourão.

O confronto vem de longe e é atiçado pelos filhos de Bolsonaro e os fiéis seguidores do santarrão da Virgínia. Steve Bannon, o estrategista alt-right demitido por Trump, mas paparicado pela família presidencial, já sugeriu que o vice renunciasse. E os arranca-rabos entre Olavo e generais tornaram-se rotineiros.

O lance mais recente da refrega foi o vídeo postado no canal de Bolsonaro no YouTube, em que se vê o filósofo a disparar um rifle e a lançar projéteis verbais contra os militares em conversa com um interlocutor não identificado.

Com sua peculiar fineza, o beato Salú do bolsonarismo diz que os “milicos” nas últimas décadas só fizeram “cagada”.  “Esse pessoal subiu ao poder em 1964, destruiu os políticos de direita e sobrou o quê? Os comunistas, que tomaram o poder. Eles dizem: ‘Livramos o país dos comunistas’. Não, eles entregaram o país ao comunismo.”

E por aí segue.

“Se tivessem vergonha na cara, confessariam seu erro, mas é só vaidade pessoal, vaidade grupal e vaidade esotérica. Os milicos têm que começar a confessar os seus erros.”

“Essa é a lei de Cristo. Primeiro, os seus pecados. Depois, os dos outros. Criaram o PT e não têm coragem de confessar.”

O vídeo apareceu na página de Bolsonaro no sábado (20). Foi divulgado por Carlos na manhã de domingo (21) e retirado do ar no fim da tarde.

O episódio aconteceu paralelamente à divulgação de áudios pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, nos quais o presidente, em mensagens de Whatsapp, se congratula com uma pessoa que atacou Mourão. Nas conversas, Bolsonaro faz ainda menção ao pleito de 2022 e diz que o vice terá uma “surpresinha”–comentário que pode ser interpretado como um sinal de que a reeleição está no radar.

A guerra entre os generais e o séquito de Olavo, cujo prestígio no governo ainda está por ser melhor explicado, chegou a um ponto de difícil retorno.

O vice já assumiu agenda própria, contradiz o presidente quando bem entende e é visto como boa alternativa em caso de eventual problema com o titular. Qual problema não se sabe ao certo.

Sabe-se é que Mourão dança a dança do golpista esclarecido –e sua coreografia parece despertar simpatias entre setores supostamente mais sensatos do mundo político e econômico.

Com menos de quatro meses de governo já se presencia um cisma de grandes proporções numa administração cuja índole caótica, primária e regressiva parece ser ainda tolerada por representantes do empresariado e das elites graças às promessas –aqui e ali fantasiosas, diga-se– do ministro da economia.

 

 

NAS FOTOS – Olavo de Carvalho e seu rifle; abaixo, o vice Mourão.

 

 

 

 

 

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Comandante do Exército dispara tuítes e muda patamar do mecanismo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/04/04/comandante-do-exercito-cruza-linha-e-muda-patamar-do-mecanismo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/04/04/comandante-do-exercito-cruza-linha-e-muda-patamar-do-mecanismo/#respond Wed, 04 Apr 2018 03:12:13 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/17209604-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=584 As mensagens no Twitter (leia aqui) disparadas pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, cruzaram a linha. Avançaram o sinal. Mas não parece que atravessaram o passo. Disse, em síntese, à véspera de decisão crucial do Supremo : “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.”

A politização que há tempos se apoderou de instituições que dela deveriam se preservar, como o STF, era visível  nas Forças Armadas, mas parecia contida. Agora explicita-se via rede social, à la Trump, pela conta do comandante, que se mostrava, ao menos, inclinado a manter equilíbrio e aparências.

A manifestação ganhou “likes” e salvas exclamativas de setores relevantes da elite da tropa. E direito, cercado de paranóias e mistificações, a encerramento do Jornal Nacional.

A impressão é a de que o mecanismo mudou de patamar. As apreensões são crescentes.

Para fazer uma piada tipo dói quando eu rio: Enéas, coitado, perdeu uma oportunidade histórica. Mas foi um visionário.

 

FOTO: O general Villas Boas por Tomaz Silva – 24.jul.2016/Agência Brasil
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Lava Jato não é santa, nem Lula é freira em prostíbulo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/01/25/lava-jato-nao-e-santa-nem-lula-e-freira-em-prostibulo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/01/25/lava-jato-nao-e-santa-nem-lula-e-freira-em-prostibulo/#respond Thu, 25 Jan 2018 04:31:39 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=277 Não é difícil considerar que a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido a consequência presumível de uma conspiração iniciada tão logo o senador (ainda senador, não?) Aécio Neves viu-se derrotado em sua cozinha mineira por Dilma Rousseff. Uma das mais medíocres personagens políticas que o Brasil já levou à Presidência da República, a petista foi  legitimamente eleita após uma campanha em que certamente mentiu (mas quem não?) ao prometer, sem poder cumprir, a continuidade das benesses que a maioria dos eleitores identificava como fruto do melhor ciclo petista.

Sua deposição foi provocada por supostos crimes contábeis, considerados bem mais graves pela articulação dominante do que a “armação” que o  atual presidente (“tem que manter isso, viu”) apontou nas duas denúncias por corrupção apresentadas pela PGR contra ele. Conjunto da obra por conjunto da obra, difícil perder historicamente para a turma que votou pelo impeachment.

Não há como contestar as inclinações político-ideológicas da Lava Jato –tampouco seus acertos.

Foi e é indefensável a decisão do ministro Gilmar Mendes (essa caricatura “bem preparada”, e por isso mesmo mais deplorável, do nosso fetiche bacharel-farsesco a serviço do “establishment”)  de aniquilar numa penada a cristalina prerrogativa constitucional de o Executivo designar um ministro (Lula para a Casa Civil) –e em rápida sequência do constrangedor e espetacular abuso constitucional cometido intencionalmente pelo juiz Sergio Moro ao divulgar um áudio da presidente da República.

Moro, santamente, pediu desculpas ao STF e ficou santamente por isso mesmo. Em qualquer país sério, seria pênalti passível de cartão vermelho.

Depois desse episódio, nada poderia ser recebido como surpresa em matéria de vamos retirar o PT da sala.

Posto isso,  o petismo  não melhora muito as coisas. O PT, lamento dizer, roubou como gente grande e se aliou com o pior que existe na política brasileira, como bem prova (nesse caso, prova irrefutável) a escolha, em duas eleições, de seu vice-presidente.

A esquerda brasileira perdeu o bonde da história e cegou-se com o poder. Vive no contexto ideológico de meados do século 20 e continua incapaz de fazer autocrítica por modesta que seja. Nada de novo nesse front.

A direita e a “mídia”, eis as grandes culpadas pelos erros e fracassos estrondosos cometidos pelo petismo e seus aliados de direita, fisiológicos, bíblicos e patrimonialistas.

Lula, aliás, já tinha dito em 2015 que  o PT precisava de uma revolução: perdera a utopia e só pensava em cargos e ganhar eleição. “Temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos ou nosso projeto”, disse o líder há três anos. Ao que se vê, não salvaram nenhum dos três.

Grande parte do partido e de seus parceiros íntimos, como Sérgio Cabral (só para citar o corrupto ostentação brother de Lula, amigão de Copa e Olimpíada, nosso esportivo  Maluf à beira-mar), foi apanhada no exercício da mais deslavada corrupção (desculpe o udenismo, mas corrupção existe) contra o patrimônio público. O famoso desvio de dinheiro do povo. Bilhões. Declarados, aliás, por baixo, em balanço oficial da Petrobras. Para não falar do loteamento a serviço da rapinagem em outras estatais –que Lula, claro, não sabia.

– Ah, mas os tucanos não são corruptos também?

Bem, respondo: sim, ao que se observa, muitos –além do neto de Tancredo, já desmoralizado. Paulo Francis, aliás (waaaaal, I love this guy), denunciou a roubalheira na Petrobras durante o governo Fernando Henrique Cardoso, como se pode ver neste vídeo imperdível para quem não conhece essa história.

Mas, enfim, pergunto, a ideia não era acabar com isso?

– Ah, mas não dava, né? Tinha que manter a “governabilidade”…

Jura?

Lula não é inocente. Nem eu. Outros que mereciam condenação não serão jamais condenados? Certamente. Injustiça? Sim.

Nada disso, contudo, faz de Lula (e do PT) essa freira no prostíbulo.

Respeito muito suas lágrimas. E os fiéis, as crenças e as procissões.

Mas não tenho religião.

PS – Lamento também que esse veredito tenha contrariado as argumentações jurídicas de Reinaldo Azevedo, meu candidato a próximo ministro do STF.

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