Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Livro Comunismo para Crianças não é doutrinação para público infantil https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/livro-comunismo-para-criancas-nao-e-doutrinacao-para-publico-infantil/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/livro-comunismo-para-criancas-nao-e-doutrinacao-para-publico-infantil/#respond Mon, 25 Jun 2018 20:36:48 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/karl_marx-1-1200x600-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=732 Já está causando reações iradas o anúncio de que o livro “Comunismo para Crianças” será lançado no Brasil, pela Três Estrelas. Aconteceu o mesmo ano passado quando saiu nos EUA. Só que o livro, publicado em 2004 na Alemanha, não é o que o título pode fazer parecer. Fiz uma resenha para a Folha em julho de 2017, que reproduzo, com pequenas atualizações, a seguir:

Em tempos de aguda polarização político-ideológica, o lançamento de um livro intitulado “Comunismo para Crianças” dificilmente deixaria de causar polêmica e reações furibundas, em especial num país onde o ativismo conservador está sempre pronto a sacar uma arma quando ouve alguma coisa que soe parecida com ideias de Karl Marx.

“Communism for Kids” é um livrinho traduzido do alemão e publicado nos EUA pela editora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Foi lançado na Alemanha há mais de uma década, em 2004. A autora chama-se Bini Adamczak, uma scholar, nascida em 1979, que se dedica ao estudo da experiência socialista e de seus fracassos.

O livro, na realidade, não é para crianças. A autora, na realidade, lança mão de uma narrativa do tipo “livro para crianças” para tentar esboçar de maneira simples (e fofa) a história do feudalismo, do comércio, da manufatura, do trabalho, do mercado e de movimentos coletivos que tentaram de uma forma ou de outra compensar as assimetrias, distorções e aflições inerentes ao capitalismo.

Embora simpatizante de ideias de esquerda, Adamczak, à diferença do que vociferaram críticos que provavelmente leram apenas o título, não propõe um discurso doutrinário com demonizações e antagonismos vulgares para enganar criancinhas. Na realidade, ela evita a tentação maniqueísta tão em voga no comunismo para adultos infantilizados de nossos dias.

Depois dos capítulos iniciais, em que recorre a ilustrações e expedientes da literatura infanto-juvenil, a autora apresenta um epílogo crítico, definitivamente para adultos, no qual discute, de maneira crítica e ao mesmo tempo esperançosa, o fiasco da experiência dos países socialistas e as perspectivas de mudanças socioeconômicas no mundo pós-fim da história.

Embora diga com todas as letras que a barbárie também foi uma característica daqueles regimes que se esfarelaram com a debacle da União Soviética, Adamczak foi tratada pela imprensa de direita americana como uma espécie de bruxa que tenta enfeitiçar mentes juvenis ocultando as mazelas de um projeto de sociedade criminoso, marcado pelo totalitarismo e pela violência do Estado.

De fato, tomado pelas aparências, o livrinho é um prato cheio para ataques raivosos. Mais produtivo seria discuti-lo e criticá-lo em suas premissas, que são honestas, mas não raro utópicas e fantasiosas.

Mas isso, no ambiente de confronto ideológico de nossos dias, talvez seja querer demais.

FOTO – O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883)

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Baixo Augusta lança Carnaval político que revive 1968 e terá homenagem a Judith Butler https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/01/11/baixo-augusta-lanca-carnaval-politico-que-revive-1968-e-tera-homenagem-a-judith-butler/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/01/11/baixo-augusta-lanca-carnaval-politico-que-revive-1968-e-tera-homenagem-a-judith-butler/#respond Thu, 11 Jan 2018 02:43:29 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=218 Com o lançamento de um festival de shows, festas e outras atividades, o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta dá a largada, nesta quinta (11/1), para o Carnaval deste ano, que promete unir alegria e política e se transformar numa grande manifestação de rua, no dia 4 de fevereiro.

“Será uma manifestação política com alegria, com desbunde e com transgressão, que é a melhor maneira que a gente encontra de responder a esse discurso de ódio que alguns setores da sociedade tentam instalar”, diz o produtor cultural  Alê Youssef, diretor da associação.

Sob o lema “É Proibido Proibir”, o bloco, com sua tradicional pegada progressista e ativista, vai ter quatro trios elétricos, performances, artistas famosos e até uma encenação da companhia de teatro Os Satyros baseada na obra da filósofa americana Judith Butler –que foi alvo de ataques de grupos ultraconservadores quando esteve recentemente no Brasil (por supostamente querer implantar uma imaginária “ideologia de gênero” nas escolas).

Em conversa com o blog, Youssef falou do desfile deste ano e também do sentido da festa, que a seu ver é a melhor representação da identidade brasileira.

Blog – Neste ano o Carnaval vem mais politizado?

Youssef – Este ano a relação do Carnaval com a política vai ser muito marcante. Nós acreditamos que o Carnaval, mais do que qualquer outra instituição, dá um senso de continuidade para o país. Entre o Carnaval passado e o que se avizinha nós presenciamos absurdos que contrariam a própria identidade do Brasil que o Carnaval representa.

O Baixo Augusta vai tocar nesses assuntos de maneira bastante contundente e vai mostrar através de seu desfile como que o obscurantismo e o proibicionismo de certos grupos da sociedade são discursos de ocasião.

A gente pretende escancarar a nossa opinião e a nossa contrariedade em relação ao que vimos acontecer ao longo do ano no campo do proibicionismo, lembrando que um dos aspectos que mais nos marcou foi a proibição, em 2017, da ocupação da praça Roosevelt pelo festival “Satyrianas”, que tem mais de 20 anos e  é um marco zero da ideia do Baixo Augusta, da ideia do nosso bairro.

Todos esses elementos farão do nosso Carnaval uma grande manifestação política, mas uma manifestação política com alegria, com desbunde, com transgressão, que é a melhor maneira que a gente encontra de responder a esse discurso de ódio que alguns setores da sociedade tentam instalar.

Blog – “É Probido Proibir” faz referência aos 50 anos de Maio de 68 e também à apresentação da música de Caetano Veloso, acompanhado pelos Mutantes, que ficou famosa por um discurso em reação às vaias da plateia…

Youssef – Além dessas duas referências, importantíssimas, o tema também lembra outros episódios, como os 50 anos da batalha da Maria Antônia e da censura à canção “Para Não dizer que Não Falei de Flores”. O tema reúne uma série de simbolismos que vão se encontrar e serão ressaltados no desfile.

Blog – Como vai ser o desfile?

Youssef – Nós vamos concentrar na Consolação com a Paulista a partir das 14h e sair em torno das 16h. Vão ser quatro trios elétricos. Teremos um ato de abertura, com a leitura de um manifesto e algumas surpresas. Teremos também uma performance da atriz Alesandra Negrini relacionada à ideia de censura versus liberdade.

Vamos fazer um ato na rua Maria Antônia, no qual lembraremos todas essas referências históricas  mencionadas. Além disso, vamos inaugurar um grande painel na empena inteira do prédio onde se situa a Casa do Baixo Augusta, com o tema do ano. Para pintar esse mural, vamos ter o reencontro do Ciro Cozzolino, do Carlos Delfino e do Zé Carratu, do grupo Tupinãodá, criado em 1983 [uma lenda oitentista do grafite na cidade].

Blog – O Carnaval de rua de São Paulo tem um perfil mais ativista?

Youssef – O Carnaval de São Paulo é na sua essência ativista, um Carnaval que se moldou na dificuldade de colocar o bloco na rua. Várias gestões foram proibicionistas nesse sentido e a partir disso a gente entendeu que era necessário adotar um tom de ativismo, no sentido de ocupar e disputar a cidade. Isso marcou o Carnaval de rua de São Paulo e especialmente o Baixo Augusta.

Nós sempre tivemos temas e sempre fomos um bloco que colocou suas opiniões muito fortemente nos desfiles. Foi assim contra o Estatuto da Família; no “Flower Power”, depois das manifestações de 2013; no “Ocupa Augusta”, com a caveira guerrilheira; e no “A Cidade é Nossa”, no início do governo Doria, para mostrar que as conquistas civilizatórias de ocupação da cidade tinham que ser mantidas. E vai ser assim no “É Proibido Proibir” para confrontar o proibicionismo e o conservadorismo.

 

 

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Em 2018, Marisa Monte se liga nos Tribalistas e na renovação do ‘pior Congresso’ da era democrática https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2017/12/21/em-2018-marisa-monte-se-liga-nos-tribalistas-e-na-renovacao-do-pior-congresso-da-era-democratica/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2017/12/21/em-2018-marisa-monte-se-liga-nos-tribalistas-e-na-renovacao-do-pior-congresso-da-era-democratica/#respond Thu, 21 Dec 2017 11:51:25 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/11253608_1106739186016551_885964276_n-1-180x110.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=46 Em 2018, Marisa Monte tem dois compromissos certos: a recém-anunciada turnê dos Tribalistas (pela primeira vez a trinca fará uma série de shows pelo país) e –como todos os brasileiros– as eleições.

Em papo rápido com o blog, ela considera que o quadro ainda está muito indefinido e acha que a discussão política precisa ir além dos nomes para o Executivo. O país precisa acordar para o debate sobre o Congresso. “Depois das manifestações de 2013 elegemos o pior Legislativo do nosso período democrático”, avalia.

Marisa também comenta a onda moralista que prosperou em 2017 no mundo das artes e a dificuldade de regrar direitos autorais na internet.

Quais suas expectativas sobre as eleições de 2018? Você acha que teremos uma polarização tipo Lula x Bolsonaro?

Acho que falta algum tempo e que os candidatos ainda estão se definindo. No que diz respeito ao cargo de presidente nem sempre é possível fazer boas escolhas com as alternativas disponíveis. Isso eu já aprendi na prática com minha experiência como eleitora.

Mas vejo com grande preocupação que nessa discussão não estejam no radar as possíveis opções para o próximo Congresso. Depois das manifestações de 2013 elegemos o pior Legislativo do nosso período democrático, rejeitado por 60% dos brasileiros.

É fundamental que o país acorde para a necessidade de ampliar a discussão sobre as eleições para o novo Legislativo. Não dá mais para termos um Estado tão caro, antiquado, ineficiente, corrupto, injusto e pra piorar, virado de costas para a sociedade.

Como você vê a a recente onda moralista em torno da arte, que na verdade não é apenas um fenômeno brasileiro?

Isso faz parte de um ciclo natural. A evolução não acontece de forma linear, ela vem em ciclos. Uma hora avança, outra recua.

Eu vejo o conservadorismo como uma reação, de certa forma, ao grande avanço civilizatório nas questões de identidade de gênero, de liberdades individuais, na evolução comportamental, nos novos feminismos, na universalização da informação e na própria evolução científica.

É normal que nas novas democracias haja contradições, antagonismos e complexidades. Assim caminha a humanidade.

Há ainda muita desinformação e também má-fé no campo dos direitos autorais. Qual o principal desafio?

A regulamentação dos direitos na internet é sem duvida o maior desafio para os criadores nesse novo mundo hiperconectado.

Novas leis já estão sendo discutidas no mundo todo para criar um sistema produtivo sustentável na internet para a música e o audiovisual, tornando a distribuição de lucros justa e transparente para os criadores por parte das plataformas.

Há também a necessidade do reconhecimento do valor da indústria criativa como forca econômica, geradora de empregos e tributos (valores além dos imateriais, tradicionalmente associados à arte).

Enfim, ações que protejam as atividades criativas para as futuras gerações.

 

 

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