Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 É hora da autocrítica do golpeachment https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/e-hora-da-autocritica-do-golpeachment/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/e-hora-da-autocritica-do-golpeachment/#respond Tue, 12 Jun 2018 14:25:52 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/15268230-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=695 O presidente Michel Temer atingiu o mais baixo nível de aprovação já registrado pelo Datafolha para ocupantes do cargo, suplantando seus próprios recordes negativos. Apenas 3% dizem que o governo é ótimo ou bom, o que é um vapor estatístico.

A economia brasileira vai caminhando, segundo analistas, para mais um ano de estagnação. O desemprego permanece em patamares elevadíssimos. O ajuste fiscal não foi feito. A propalada reforma da Previdência não saiu do papel. Tabelamentos de preços e outras relíquias populistas e intervencionistas voltaram à cena.

Temer foi alvo de duas denúncias da Procuradoria Geral da República por corrupção passiva e continua sendo investigado pela Polícia Federal, que já levantou sinais de desvios até em seus círculos domésticos. Alguns dos grandes amigos do presidente estão presos ou são atingidos por inquéritos e evidências de crimes.

Talvez imaginando-se com sete mil vidas, o ex-vice vangloriou-se em entrevista à TV por supostamente ter surpreendido o tabuleiro com uma  “jogada de mestre” ao decretar a intervenção federal militarizada na segurança do Rio –até aqui um tiro n’água.

Quando dos embates em torno do afastamento da presidente Dilma Roussef, diziam os apoiadores da movimentação que a retirada de cena da petista reeleita, com seu governo desastroso, daria lugar a um ministério “dream team” e a um subsequente choque positivo de credibilidade. As expectativas favoráveis entrariam em cena e a economia começaria a deslanchar.

Acabaria, aleluia, a gastança. Com a votação da  Previdência e uma rodada ambiciosa de concessões de infraestrutura para a iniciativa privada as contas públicas seriam salvas. Investidores começariam a disputar o Brasil a tapa.  O PIB cresceria 4% em 2018 e um candidato identificado com as reformas estaria a essa altura muito bem posicionado nas intenções de voto. O gigantão descortinaria, enfim, o portal de uma nova era liberal maravilha. Com o amparo tranquilizador das instituições, o Supremo e tudo.

É forçoso admitir que alguma coisa não deu certo.

Pergunto aos respeitáveis economistas e pensadores liberais, intelectuais e homens públicos de variadas matizes que viram na conspiração e num fantasmagórico governo Temer uma perspectiva promissora a ser apoiada: não está na hora de uma autocrítica do impeachment? Ou diria melhor, do golpeachment?

 

FOTO – Imagem da pintura “Mancha no Planalto” (2013), de Ciro Cozzolino. Ernesto Rodrigues/Folhapress/Acervo Paper Box Lab Institute

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Saída de Batman ajuda, mas Temer e economia atrapalham liga da direita https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/08/saida-de-batman-ajuda-mas-temer-e-economia-atrapalham-liga-da-direita/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/08/saida-de-batman-ajuda-mas-temer-e-economia-atrapalham-liga-da-direita/#respond Tue, 08 May 2018 18:59:40 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/15241650895ad8e9e1b0517_1524165089_3x2_lg-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=603 A desistência de Joaquim Barbosa de se apresentar como candidato às eleições presidenciais era uma possibilidade levada em conta por muitos analistas políticos, que viam com ceticismo a movimentação em torno do lançamento do ex-ministro do Supremo.  Ainda que mais recentemente estivesse em alta a ideia de que Barbosa concorreria, por causa dos bons resultados em pesquisas de intenção de voto, o recuo não chega a ser uma grande surpresa.

Sem Barbosa, animam-se as demais candidaturas, que viam no Batman um potencial canalizador de votos da centro-esquerda e da centro-direita. Mais do que todos, parece animar-se o grupo do tucano Geraldo Alckmin, candidato que vem encontrando persistentes dificuldades para decolar –embora seja cedo para prognósticos mais definitivos, num quadro em que é relevante a parcela dos eleitores indefinidos

Alckmin, em tese, seria o candidato da liga da direita que melhor se sairia na corrida eleitoral, caso o pensamento econômico desejante que apoiou a deposição de Dilma Rousseff tivesse atingido seus objetivos.

Os planos iniciais da aliança da direita liberal com a patrimonialista era colocar a economia em rápido crescimento, por obra de um milagre das expectativas e de um acordão para que a malta congressista entregasse as medidas consideradas necessárias para animar o mercado –entre as quais brilhava a mudança da Previdência.

Imaginava-se que a essa altura o espetáculo da retomada estaria em cena e atrairia a simpatia do eleitorado para as candidaturas identificadas com a agenda liberal reformista.

Não deu muito certo, convenhamos. Em que pesem algumas reformas entregues pelo governo Temer, a tão almejada (e fetichizada) reforma previdenciária não saiu do papel e a economia segue patinando, com desemprego altíssimo, déficit público explosivo e muitas incertezas. Quanto ao governo, bate recordes de impopularidade e vê-se às voltas com a polícia e a Justiça.

Nesta semana, as expectativas de um crescimento expressivo em 2018 viram-se mais uma vez aplacadas por revisões para baixo nas estimativas do PIB.

Apesar de toda a encenação técnica, assistiu-se no passado recente a uma amplificação desejante de um programa econômico que, embora defensável em vários aspectos, não poderia dar certo sem que se levassem em conta as condições políticas para sua implantação. Revolução liberal com Temer, Jucá, Angorá, Geddel e companhia nunca me pareceu uma ideia muito brilhante.

Uma vez que os economistas liberais, assim como todos os demais economistas, nunca erram, não se vê autocrítica. Em vez disso, surgem especulações nebulosas do tipo “tem alguma coisa aí que não está funcionando e não sabemos o que é” –uma tentativa obscurantista de encontrar uma jabuticaba que venha a explicar o que na realidade foi um cálculo político equivocado estufado por “wishful thinking”.

Ainda assim, e apesar de todas as suas deficiências, a candidatura de centro-direita, ou de direita, representada por Geraldo Alckmin tem lá suas chances de prosperar. Bem como uma candidatura de centro-esquerda. O PSDB e o PT, apesar do desmanche, ainda são pólos importantes na política organizada e certamente terão peso no processo eleitoral.

Mas o fiasco político e moral de Temer e a decepcionante resposta da economia às medidas que se anunciavam salvadoras e de efeito relativamente rápido são fatores que podem contribuir para aventuras indesejadas –com ou sem Batman.

 

FOTO: O ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa em evento em Brasília – Pedro Ladeira-19.abr.18/Folhapress

 

 

 

 

 

 

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Comandante do Exército dispara tuítes e muda patamar do mecanismo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/04/04/comandante-do-exercito-cruza-linha-e-muda-patamar-do-mecanismo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/04/04/comandante-do-exercito-cruza-linha-e-muda-patamar-do-mecanismo/#respond Wed, 04 Apr 2018 03:12:13 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/17209604-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=584 As mensagens no Twitter (leia aqui) disparadas pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, cruzaram a linha. Avançaram o sinal. Mas não parece que atravessaram o passo. Disse, em síntese, à véspera de decisão crucial do Supremo : “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.”

A politização que há tempos se apoderou de instituições que dela deveriam se preservar, como o STF, era visível  nas Forças Armadas, mas parecia contida. Agora explicita-se via rede social, à la Trump, pela conta do comandante, que se mostrava, ao menos, inclinado a manter equilíbrio e aparências.

A manifestação ganhou “likes” e salvas exclamativas de setores relevantes da elite da tropa. E direito, cercado de paranóias e mistificações, a encerramento do Jornal Nacional.

A impressão é a de que o mecanismo mudou de patamar. As apreensões são crescentes.

Para fazer uma piada tipo dói quando eu rio: Enéas, coitado, perdeu uma oportunidade histórica. Mas foi um visionário.

 

FOTO: O general Villas Boas por Tomaz Silva – 24.jul.2016/Agência Brasil
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