Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Posts bizarros de Bolsonaro não são apenas cortina de fumaça https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/03/08/posts-bizarros-de-bolsonaro-nao-sao-apenas-cortina-de-fumaca/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/03/08/posts-bizarros-de-bolsonaro-nao-sao-apenas-cortina-de-fumaca/#respond Fri, 08 Mar 2019 03:40:27 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Bolso-em-Itaipu-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=1124 A cada manifestação destrambelhada do presidente Jair Bolsonaro em discursos ou posts nas redes sociais surgem alertas de que o Mito estaria desviando a atenção dos incautos com temas destinados a criar uma “cortina de fumaça”.

Com a ajuda de seus golden boys, Bolsonaro lançaria provocações ultraconservadoras no território da chamada agenda de costumes para evitar a discussão ou esconder medidas relativas a questões políticas e econômicas –estas sim importantes.

Não há dúvida de que governantes procuram em determinados momentos distrair a plateia para deixar à sombra situações que desejariam acobertar. No entanto, basta acompanhar o noticiário para constatar que o presidente tem se expressado –mais do que deveria, aliás, para desespero de assessores– sobre reforma da Previdência e outros assuntos que os críticos da cortina de fumaça consideram mais sérios e negligenciados.

Não vejo um governo desdobrando-se para fugir de maneira apelativa da economia (área que o capitão assumidamente não entende) ou para atacar na surdina, como se não houvesse oposição e vigilância no Congresso e nos movimentos sociais. Tampouco parece ser uma estratégia maquiavélica urdida com maestria –mesmo porque são evidentes os erros e, em certos casos, o desgaste da imagem de Bolsonaro aos olhos de parte de seus apoiadores.

Na realidade me pergunto até que ponto não seria um pouco ao contrário. Certos setores da opinião pública passaram, nos últimos anos, a tratar a agenda econômica como prioridade absoluta. Tudo se desvaloriza diante da urgência de enxugar o estado e criar um ambiente “propício aos negócios”.

Sendo assim, é preciso assegurar que  a pauta das reformas funcione ela mesma como uma espécie de cortina de fumaça a minimizar ou silenciar o alarido alucinado do governo em outros ramos, como cultura, educação, orientação sexual, racismo e violência policial. Esses tópicos são vistos como um estorvo a prejudicar o objetivo principal. Deveriam ser evitados.

É sintomático, quanto a isso, que se convidem as pessoas a não reagir às manifestações nefastas do presidente, como se tratassem de questões menores forjadas para obliterar as maiores. Mas o que se considera pauta secundária do campo dos costumes é, na realidade, assunto relevante, que desempenha papel central na consolidação política do bolsonarismo –e também de seus correlatos populistas de ultradireita, mesmo em situações, como nos EUA, nas quais a economia vai bem.

Não se trata simplesmente de uma estratégia de negação ou ocultamento, mas, em sentido oposto, de uma explicitação de preocupações que antes viviam no limbo da relativa tolerância ou do conflito privado -pelo menos fora do que seria o campo presumível de atuação direta de um presidente da República (nisso, Bolsonaro, de maneira mais perigosa, lembra Jânio Quadros –e talvez termine, quem sabe, por repeti-lo também em outros aspectos).

Estamos assistindo nas intervenções personalizadas do presidente em redes sociais a um movimento nada democrático ou liberal para demarcar territórios de suspeição e levar o poder do estado à esfera da moralidade pessoal, num esforço de criminalizar opções comportamentais e justificar a repressão policialesca –em sintonia com o frenesi religioso-fascistoide emergente (o jornalista Bruno Torturra, a propósito, num de seus Boletins do Fim do Mundo, expõe argumentos interessantes em torno do caso “golden shower”).

Por fim, muito da fixação na atual agenda econômica deriva de uma onda economicista que cresceu em setores da mídia e das elites intelectuais em meio às conspirações do mundo empresarial e político que se seguiram à derrota da centro-direita em 2014. Criou-se a perspectiva de que se operaria um milagre das expectativas com o afastamento do PT e, posteriormente, com a aprovação de projetos como o teto de gastos públicos e a reforma trabalhista. O PIB cresceria, todos ficariam felizes e o resto seria o resto. Não foi o que aconteceu.

Apostam-se agora todas as fichas na fetichizada reforma da Previdência que, embora necessária, não vai retirar, por si, a economia da mediocridade. Enquanto isso, medidas outras, no campo tributário e dos estímulos, foram demonizadas e postas de lado.

Os profetas desse espetáculo frustrado do crescimento talvez pudessem (como se cobra, com razão, do PT) pensar numa salutar autocrítica. Os resultados até aqui são pífios –e parece  pouco culpar a greve dos caminhoneiros, as denúncias de Janot e a crise da Argentina pelo fiasco.

NA FOTO AO ALTO – Bolsonaro discursa em Itaipu – Alan Santos – 26.fev.2019/PR

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Por que Bolsonaro na Presidência é um perigo anunciado https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/28/por-que-bolsonaro-na-presidencia-e-um-perigo-anunciado/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/28/por-que-bolsonaro-na-presidencia-e-um-perigo-anunciado/#respond Fri, 28 Sep 2018 04:00:48 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/15380778725bad34b03654a_1538077872_3x2_md-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=1006 Não são apenas as inclinações autoritárias e as opiniões truculentas, racistas, misóginas e homofóbicas que fazem de Jair Bolsonaro um candidato perigoso. O perfil ultradireitista, ao estilo dos autocratas fascistoides de nosso tempo, é deplorável, mas pelo menos há instituições que podem conter investidas nesses campos  –Constituição, leis, Justiça, movimentos sociais, oposição congressual etc.

Há outros aspectos, talvez menos comentados, que a meu ver fazem do capitão reformado um risco anunciado caso assuma a Presidência da República. São  carcterísticas que contrastam com as dos demais concorrentes mais citados nas pesquisas –Haddad, Ciro Gomes, Alckmin e Marina.

1 – Bolsonaro não tem  vivência como gestor público e não possui nenhum enraizamento partidário ou base social minimamente estruturada.

É uma espécie de Capitão Nascimento eleitoral. Uma projeção infantil de setores da sociedade brasileira, que na eterna busca por autoridades paternais e salvadores da pátria acreditam que os problemas do país possam ser resolvidos com a contratação de um segurança. 

2 – Na ausência de alicerces políticos e estrtura na sociedade civil, Bolsonaro procura preencher o vazio com a única instituição que parece realmente prezar: o Exército. Este, no final das contas, é o seu “partido”. Além de Mourão, seu vice trapalhão, ao menos nove generais e um brigadeiro atuam em posições estratégicas de sua campanha. Alguns deles e outros tantos serão convocados a assumir ministérios.

3 – Embora estejam todos na reserva, já que militares não podem participar da política, tal condição não os isola do oficialato e da tropa. Foram todos comandantes ou colegas de gente que permanece na ativa -tenentes que hoje são majores, capitães que se tornaram coronéis etc. Tais laços são um atalho para uma situação potencialmente explosiva e indesejável: a politização das Forças Armadas.

4 – As visões econômicas de Bolsonaro são, para dizer o mínimo, precárias e confusas. Paulo Posto Ipiranga Guedes, um mitômano, na definição de Pérsio Arida, é quem fala pelo candidato –e o faz de maneira inquietante. Já foi desautorizado pelo chefe ao dar declarações sobre a volta da CPMF e a redefinição de alíquotas do Imposto de Renda.

Nesta quinta (27), Mourão ajudou a aumentar o caos que parece presidir a campanha ao criticar o 13º salário e o adicional de férias dos trabalhadores, além de propor uma renegociação dos juros da dívida interna. Além disso, na paralela, novos elementos da confusa história da separação litigiosa da ex-mulher surgiram na Folha e na Veja, com acusações de ocultação de patrimônio e sumiço de bens guardados num cofre.

5 – Ainda na área econômica, não são desprezíveis as chances de que ocorra uma guinada caso o capitão seja eleito. Seus colegas de Forças Armadas são tradicionalmente mais inclinados ao nacionalismo estatizante, do qual o general Ernesto Geisel foi um exemplo, do que a defender a perspectiva ultraliberal.

Militares são em geral a favor de defender as riquezas nacionais e estão com frequência preocupados com o interesse “do americano” ou “do estrangeiro” em se apoderar da Amazônia e de nossos recursos naturais.

Programas privatistas radicais, que preconizem a venda de todas as empresas do Estado, além de outros bens públicos, como sugere Guedes, possivelmente vão enfrentar mais resistências do que encontrar eco na caserna.

6 – Considerando suas fragilidades, a inexperiência administrativa, as difíceis condições do país e a forte oposição que enfrentará, Bolsonaro corre o risco, se eleito, de fazer um governo marcado pela instabilidade. Naturalmente, nesse cenário, seu impulso será buscar apoio de seus colegas de  farda e da massa de eleitores. Em caso de um eventual impeachment ou de algum outro problema que possa afastá-lo do Planalto, o Brasil na prática será governado por um regime militarizado.

7 – Bolsonaro é uma holografia, uma fantasia, uma quimera. Seu prestígio político não é da ordem da racionalidade. Como insistem seus próprios seguidores, é um mito. E o Brasil a essa altura não precisa de mitos.

 

FOTO NO ALTO – O general reformado Hamilton Mourão em palestra para empresários – Paulo Whitaker/Reuters

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Coxa, Haddad prega para convertidos e dá esperança a Ciro Gomes https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/07/coxa-haddad-prega-para-convertidos-e-da-esperanca-a-ciro-gomes/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/07/coxa-haddad-prega-para-convertidos-e-da-esperanca-a-ciro-gomes/#respond Fri, 07 Sep 2018 18:16:12 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/fernando-haddad-2-1920x1096-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=977 Petistas comemoraram nas redes sociais o desempenho de Fernando Haddad em entrevista à Globonews na noite de quinta-feira (6). Convidado formalmente como vice para a série de sabatinas da emissora, o ex-prefeito, como se sabe, é o virtual candidato do PT à eleição presidencial.

Compreende-se que sua performance tenha agradado a militantes de classe média e da esquerda caviar que acompanharam o programa. Haddad comportou-se como um advogdo de seu partido esgrimindo argumentos do tipo inteligentes e articulados  –alguns bons, outros fracos— para condenar as assimetrias que se impuseram com a condenação de Lula e denunciar o papel dos derrotados por Dilma, a começar pelo tucano Aécio Neves,  na articulação de uma conspiração para invalidar o resultado das urnas.

Haddad falou para uma plateia de gente educada progressista, que é o seu forte. Obrigado a carregar o peso do arco de tendências do PT, onde não é e nem nunca foi unanimidade, viu-se constrangido a ser tímido no reconhecimento dos erros cometidos pelo partido e ranzinza na resistência à autocrítica e à flexibilidade.

Aguns parecem ter visto na entrevista um duelo entre a mídia golpista e o super-herói lulista. Bobagem. Primeiro porque hoje existem dois tipos de golpistas no Brasil, os que eram aliados do PT e os que continuam sendo.

Depois porque não é esse o ponto. Embora a Globonews não seja fórum de massas, a questão é saber se o ex-prefeito vai conseguir ter apelo popular, o que lhe faltou em São Paulo, e se será capaz de seduzir parcela dos não convertidos de classe média.

Haddad, goste-se ou não, é coxa. É hoje o mais tucano, no sentido histórico, dos petistas. Na entrevista,  arrumadinho, parecia uma espécie de new FHC do quem sabe new PT.

Se for nessa toada, vai depender, ainda mais do que se poderia imaginar, do dedaço de Lula. E enquanto não se opera o milagre da transmutação, Ciro Gomes parece ganhar espaço para crescer no espectro da centro-esquerda.

 

 

 

 

 

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Atentado aumenta instabilidade com aprovação bizarra do “mercado” https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/06/atentado-aumenta-instabilidade-com-aprovacao-bizarra-do-mercado/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/09/06/atentado-aumenta-instabilidade-com-aprovacao-bizarra-do-mercado/#respond Thu, 06 Sep 2018 22:48:06 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/Bolsonaro-atentado.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=966  

O atentado contra o candidato Jair Bolsonaro acrescenta uma dose de violência e imprevisibilidade a um processo eleitoral já conturbado por suas características inusuais.

O fato de o responsável pelo atentado ter sido filiado ao PSOL e manifestar opiniões que podem ser identificadas como de esquerda nas redes sociais é um complicador a mais. Os apoiadores do candidato não vão aceitar facilmente a tese de que foi um fato isolado, uma ação solitária.

Em caso contrário –uma facada desferida contra um candidato de esquerda por um sujeito que se identificasse com Bolsonaro— haveria reações análogas.

O momento e o clima favorecem a pós-verdade .

Foi bom que os demais concorrentes tenham prontamente se manifestado contra a violência ocorrida em Juiz de Fora. Violência, diga-se, que de certa forma questiona teses defendidas por Bolsonaro, como a ampliação do porte de armas de fogo.

Um aspecto bizarro do episódio foi a reação do “mercado” que providenciou especulação com o dólar e a Bolsa na sequência do ocorrido. A moçada das mesas  deve estar tomando o remédio errado.

Aliás, em grande parte a instabilidade institucional que o país atravessa deriva de um cálculo equivocado de setores do capital aliados a oportunistas políticos (e também a pessoas de boa fé) que viram no impeachment uma perspectiva de reativar ganhos e mudar a  economia tomando um atalho  imprudente.

Quanto a isso, aliás, recomendo a leitura da coluna de Monica de Bolle na revista Época (aqui). A economista,  que foi favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, agora conclui: “Ao remover lentes ideológicas e partidárias, é impossível afirmar que o impeachment de Dilma não levou ao descrédito institucional que hoje contamina o país”.

Em junho, aqui no blog, eu conclamava a uma autocrítica do que passei a chamar ironicamente de “golpeachment”.

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Criador de movimento de renovação se lança ao Senado pela Rede em São Paulo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/24/criador-de-movimento-de-renovacao-se-lanca-ao-senado-pela-rede-em-sao-paulo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/24/criador-de-movimento-de-renovacao-se-lanca-ao-senado-pela-rede-em-sao-paulo/#respond Fri, 24 Aug 2018 15:00:44 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/17356311-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=938 Em dezembro do ano passado entrevistei Pedro Henrique de Cristo, 34, para a Folha. Fundador e presidente do Instituto Brasil 21, um dos movimentos de renovação que andaram surgindo em meio à crise dos últimos anos, ele se lança agora numa aventura inédita, como candidato a senador por São Paulo pela Rede Sustentabilidade.

Sua história começa na Paraíba, estado natal, passa por estudos na Inglaterra e na universidade Harvard, nos EUA, desembarca na favela do Vidigal, no Rio, para um projeto inovador, e chega à cidade de São Paulo, onde passou a morar desde 2016, depois de ter sido ameaçado pelo poder paralelo carioca.

Em Harvard, onde se matriculou com bolsa integral das fundações Lemann e Estudar, dedicou-se a pesquisas interdisciplinares que procuravam unir o desenho de políticas públicas ao de espaços públicos e ao uso de tecnologia para criar redes comunitárias.

Com 2% das intenções de voto na  mais recente pesquisa Datafolha, ele falou ao blog sobre os movimentos de renovação, o cenário político e sua candidatura.

 

As expectativas dos chamados movimentos de renovação política para as eleições deste ano parecem ter ficado aquém do esperado. Além da sua candidatura, como você está vendo a participação desses movimentos na eleição? 

Os movimentos de renovação são essenciais para a transformação política do Brasil. Dentro do contexto atual é o único caminho. Por isso, me juntei a outras pessoas para iniciar esse movimento de mudança, fundando o Brasil 21. É verdade que esta tem sido uma batalha árdua para os movimentos, mas nossas vitórias existem.

Temos candidaturas competitivas nas proporcionais em basicamente todos os movimentos e a minha ao senado é a primeira independente do Brasil. Isso foi possível graças a uma resolução do estatuto da Rede Sustentabilidade, de 2017, que permite candidaturas cívicas, ou seja, independentes. Eram cinco critérios para efetivar a coligação do Brasil 21 com a Rede, um verdadeiro processo seletivo: ser ficha limpa, o curriculo, o manifesto do Brasil 21, apoio oficial do movimento à candidatura de Marina Silva e o reconhecimento da minha liderança em termos éticos, de competência e representatividade da sociedade civil, por pelo menos três entidades. Fomos reconhecidos por quatro –Movimento do Sem Teto do Centro, Humanitas 360, Etos Sustentável e Arq.Futuro.

Qual o seu histórico com a Rede? 

Conheço a Marina Silva desde 2010 e a apoiei na parte tecnológica na primeira metade da sua campanha presidencial, em 2014. Ela acompanha e participa do meu trabalho há 8 anos. Nunca havia pensado em me filiar a qualquer partido. Meu desejo era transformar a política por meio da Ágora Digital, projeto de democracia participativa desenvolvido no Centro de São Paulo, no Vidigal no Rio, e, mais recentemente, em Valparaíso, no Chile. A escolha do meu nome como candidato ao Senado é resultado do trabalho do movimento Brasil21. Representamos a sociedade civil na disputa pelo Senado de São Paulo. Foi uma vitória conseguir a vaga da Rede ao Senado, não sendo originalmente do partido. Agora vamos trabalhar para vencer a eleição e fazer a mudança a que temos nos dedicado tanto.

A Rede terá pouquíssimo tempo de TV e recursos limitados. Como você vai lidar com essa realidade? Você tem investidores que te apoiam?

Sim, a Rede não terá muito tempo de TV. Nós abrimos mão do fundo partidário, mas transformamos esse desafio em oportunidade. Contamos com apoiadores de diferentes classes sociais, do empresariado a lideranças comunitárias. Alguns apoiam com dinheiro, outros com trabalho e conhecimento. A ideia é baixo custo com alta eficácia. Nossa comunicação com o eleitor será por meio de redes sociais e da ação em territórios.

Quem são suas principais articulações em São Paulo? E bandeiras?

Trabalhamos com os movimentos sociais e instituições ligadas ao urbanismo, educação e inovação. Entre nossas principais bandeiras estão a geração de emprego e renda, com foco na melhoria do ambiente de negócios no Estado, criação de linhas de crédito para pequenos e médios empreendedores, os que mais empregam, e inovação. Outra prioridade é a educação voltada para primeira infância, dando oportunidades iguais para todas as crianças e apoiando a volta das mães ao mercado de trabalho. Vamos adaptar o modelo chileno do projeto Cresce Contigo, que integra saúde, educação e assistência social. Outro caminho fundamental para a transformação é a internet pública de alta velocidade para todos.

Queremos que São Paulo seja o primeiro estado brasileiro com 100% de internet gratuita, consolidando-o como um pólo de inovação e gerando ganhos de produtividade muito superiores ao custo dessa política pública. Essas propostas aliadas a um urbanismo de qualidade são capazes de gerar cidades mais seguras, com melhor mobilidade, saneamento, espaços públicos inclusivos e verdes e com maior capacidade de inovação.

Você vai competir com nomes tradicionais, como Eduardo Suplicy, do PT. Acredita que o eleitor quer novidade para o Senado? Como enfrentar essa situação? 

Certamente o eleitor quer novidades nesta eleição. Está mais do que na hora dos políticos atuais abrirem espaço para novas gerações mais preparadas para lidar com os desafios de São Paulo e do Brasil no século 21. A eleição para o Senado é a grande oportunidade para nós, cidadãos, começarmos a tomar a nossa democracia de volta, há décadas nas mãos dos cartéis políticos que monopolizam o poder. Precisamos democratizar nossa democracia e não podemos esperar mais.

Quais os principais erros do PT e das esquerdas nos últimos anos?

O principal erro foi manter o mesmo modelo de governabilidade para continuarr no poder, esquecendo dos anos de luta por um país mais democrático e justo. Todos os partidos no Brasil fizeram a mesma coisa e é por isso que não formamos novas lideranças políticas.

Você acredita que Bolsonaro chegue ao segundo turno?

Esta eleição está muito pulverizada, o que aumenta o risco de termos Bolsonaro no segundo turno. Apenas Lula, Marina e ele têm um eleitorado que independe dos seus respectivos partidos. Precisamos despertar nas pessoas a esperança de que existe uma outra maneira de fazer política. O surgimento dos movimentos de renovação prova que isso é possível. 

FOTO NO ALTO – Pedro Henriue de Cristo – Zanone Fraissat/Folhapress

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Capacidade de transmissão de votos de Lula para Haddad é a maior incógnita https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/22/capacidade-de-transmissao-de-votos-de-lula-para-haddad-e-a-maior-incognita/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/22/capacidade-de-transmissao-de-votos-de-lula-para-haddad-e-a-maior-incognita/#respond Wed, 22 Aug 2018 06:01:47 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/download-1.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=926 As pesquisas Ibope e Datafolha, que fecham o ciclo pré-campanha na TV e no rádio, convergem ao detectar um aumento das preferências pelo candidato  Luiz Inácio Lula da Silva. No levantamento do Datafolha divulgado nesta quarta (22/8), o petista atinge impressionantes 39%. O movimento coincide com o início da transição que o PT terá de fazer do ex-presidente, condenado em segunda instância, para seu vice de mentirinha, Fernando Haddad.

A ideia da sigla, como se noticia, é martelar por ora a dobradinha “Lula e Haddad” para em breve, com a provável inabilitação do postulante preso, mudar para  “Lula é Haddad”. A resiliência do líder petista aumenta a possibilidade de exploração da ideia de que uma injustiça é cometida em prejuízo da democracia –restando a escolha do ex-prefeito de São Paulo para o Brasil “voltar a ser feliz”.

Se vai dar certo, não se sabe, mas Haddad é pouco conhecido e tem um caminho a ser desbravado.

Não há dúvida de que a chamada “era Lula” é a grande referência presente de um tempo de resultados favoráveis para a maioria da população. É certo também que o governo Temer, marcado por enorme impopularidade, acusações de corrupção e insucessos variados, acabou por requalificar o lulismo, que parecia em certo momento nocauteado.

O petismo, não se discute, enfrenta problemas. Parcela expressiva (48%) diz que não votaria em alguém indicado por Lula. Retrato do momento ou tendência a se consolidar? Essa a pergunta que não quer calar: qual será afinal a capacidade de transmissão de votos do ex-presidente para Haddad? 

No front da direita, apesar de manter-se firme como segunda opção, Jair Bolsonaro pode estar batendo em seus limites. Não cai, mas também não sobre.  E é o rei da rejeição. Enquanto isso, Geraldo Alckmin continua patinando em baixos patamares, mas faz um brilhareco em simulações de segundo turno. Não é prudente descartar uma mudança de trajetória, dado o tempo de TV e as máquinas envolvidas na candidatura do ex-governador paulista.

Essas foram as últimas pesquisas de uma série importante, mas limitada pelo fato de a fase decisiva das campanhas (a partir de setembro, com o horário de TV) não ter começado. Muita água ainda vai correr, mas o desenho de uma final clássica entre “azuis e vermelhos” parece provável. Na pele de quem? Haddad x Alckmin seria uma boa aposta, mas ainda não mais do que isso. 

Sim, um tertius pode surgir –Marina tingiria de verde a disputa? Quem sabe. É bom lembrar que não estamos diante de uma eleição “normal” como outras. É larga ainda a magem para o imponderável.  

 

 

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Semiparlamentarismo explode com pautas-bomba e Ponte para o Futuro vira túnel para o passado https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/07/12/semiparlamentarismo-explode-com-pautas-bomba-e-ponte-para-o-futuro-vira-tunel-para-o-passado/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/07/12/semiparlamentarismo-explode-com-pautas-bomba-e-ponte-para-o-futuro-vira-tunel-para-o-passado/#respond Thu, 12 Jul 2018 21:22:02 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/15314136765b4784ac831a2_1531413676_3x2_lg-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=825 Visto por alguns como um arranjo engenhoso para os impasses políticos do país, o arremedo de semiparlamentarismo que teria se instalado após o afastamento da presidente Dilma Rousseff possuiria o vantajoso condão de controlar excessos do Executivo e ao mesmo tempo incorporar a agenda reformista que impulsionou Michel Temer em sua aventura conspiratória.

Nos termos do acordão que presidiu a virada de mesa iniciada em dezembro de 2015, o Congresso ganharia margem para tentar estancar a sangria da Lava Jato e aceitaria, em contrapartida, promover a pauta liberal do documento Ponte para o Futuro –empreendimento que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apoiou, mas chamou, sem perder sua peculiar sagacidade, de “pinguela”.

A aprovação inicial de meia dúzia de reformas serviu para animar os entusiastas da empreitada, que passaram a minimizar os conhecidos traços do DNA de nossa maioria parlamentar, entre os quais o fisiologismo desenfreado, o oportunismo, a miséria moral, a demagogia e a inclinação populista de direita. Mesmo diante de manifestações deploráveis, como os aumentos em cascata concedidos por Temer logo no começo de sua gestão, acreditou-se que o “ soi-disant” semiparlamentarismo seria uma fórmula virtuosa.

Pois bem: não demorou muito para que o escorpião, como na parábola, acabasse por picar o sapo. Ao comprar da malta congressista sua permanência no cargo, Temer tornou-se um fantoche nas mãos do centrão e das bancadas empenhadas em lobbies diversos, no mais das vezes regressivos.

A possibilidade de que o populismo de direita triunfasse, sempre alta, materializou-se. O sistema improvisado, que serviria para ajudar o país a conter gastos, equilibrar contas e caminhar na direção de uma economia e de uma administração pública mais modernas e racionais, passou a fazer o contrário.

Sob os eflúvios do período eleitoral, com um presidente entregue às baratas, o semiparlamentarismo não aprovou a propalada reforma da Previdência, ampliou despesas e transformou-se no reinado do atraso e da irresponsabilidade.

Após uma sequência de concessões, que envolveu perdão de dívidas e benesses variadas para grupos de interesse, chegou-se ao fim da linha com a greve dos caminhoneiros. Fruto, entre outros motivos, da fragilidade do presidente e do devaneio mercadista imprudente da nova política de preços da Petrobras, a paralisação resultou em desfalque para a atividade econômica, os cofres públicos e o bolso do contribuinte.

Não bastassem os prejuízos, concedeu-se anistia aos grevistas mancomunados com empresas do setor e aprovou-se um inacreditável tabelamento do frete, em meio a pautas-bomba (sim, elas voltaram) que podem empurrar para 2019 despesas de cerca R$ 90 bilhões, segundo estimativa de reportagem desta Folha.

A ponte para o futuro virou túnel para o passado e o semiparlamentarismo parece ser o responsável pela engenharia.

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FOTO AO ALTO –  Eunício Oliveira (MDB-CE), presidente do Congresso, durante debate sobre a lei orçamentária – Pedro Ladeira/Folhapress

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É hora da autocrítica do golpeachment https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/e-hora-da-autocritica-do-golpeachment/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/06/12/e-hora-da-autocritica-do-golpeachment/#respond Tue, 12 Jun 2018 14:25:52 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/15268230-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=695 O presidente Michel Temer atingiu o mais baixo nível de aprovação já registrado pelo Datafolha para ocupantes do cargo, suplantando seus próprios recordes negativos. Apenas 3% dizem que o governo é ótimo ou bom, o que é um vapor estatístico.

A economia brasileira vai caminhando, segundo analistas, para mais um ano de estagnação. O desemprego permanece em patamares elevadíssimos. O ajuste fiscal não foi feito. A propalada reforma da Previdência não saiu do papel. Tabelamentos de preços e outras relíquias populistas e intervencionistas voltaram à cena.

Temer foi alvo de duas denúncias da Procuradoria Geral da República por corrupção passiva e continua sendo investigado pela Polícia Federal, que já levantou sinais de desvios até em seus círculos domésticos. Alguns dos grandes amigos do presidente estão presos ou são atingidos por inquéritos e evidências de crimes.

Talvez imaginando-se com sete mil vidas, o ex-vice vangloriou-se em entrevista à TV por supostamente ter surpreendido o tabuleiro com uma  “jogada de mestre” ao decretar a intervenção federal militarizada na segurança do Rio –até aqui um tiro n’água.

Quando dos embates em torno do afastamento da presidente Dilma Roussef, diziam os apoiadores da movimentação que a retirada de cena da petista reeleita, com seu governo desastroso, daria lugar a um ministério “dream team” e a um subsequente choque positivo de credibilidade. As expectativas favoráveis entrariam em cena e a economia começaria a deslanchar.

Acabaria, aleluia, a gastança. Com a votação da  Previdência e uma rodada ambiciosa de concessões de infraestrutura para a iniciativa privada as contas públicas seriam salvas. Investidores começariam a disputar o Brasil a tapa.  O PIB cresceria 4% em 2018 e um candidato identificado com as reformas estaria a essa altura muito bem posicionado nas intenções de voto. O gigantão descortinaria, enfim, o portal de uma nova era liberal maravilha. Com o amparo tranquilizador das instituições, o Supremo e tudo.

É forçoso admitir que alguma coisa não deu certo.

Pergunto aos respeitáveis economistas e pensadores liberais, intelectuais e homens públicos de variadas matizes que viram na conspiração e num fantasmagórico governo Temer uma perspectiva promissora a ser apoiada: não está na hora de uma autocrítica do impeachment? Ou diria melhor, do golpeachment?

 

FOTO – Imagem da pintura “Mancha no Planalto” (2013), de Ciro Cozzolino. Ernesto Rodrigues/Folhapress/Acervo Paper Box Lab Institute

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Executivo de empresa relata agromilícias armadas intimidando caminhoneiros https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/28/executivo-de-empresa-relata-agromilicias-armadas-intimidando-caminhoneiros/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/28/executivo-de-empresa-relata-agromilicias-armadas-intimidando-caminhoneiros/#respond Mon, 28 May 2018 21:52:36 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/download.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=670 Executivo de uma grande empresa de comercialização de commodities disse ao blog que milícias armadas que nada têm a ver com caminhoneiros ou transportadoras estão atuando pelo menos em Minas, Paraná e Goiás. Intimidam caminhoneiros e pedem intervenção militar.

Motoristas estão se recusando a sair até com escolta.  Jogo bruto. Funcionários da empresa foram a um piquete e constataram que só havia gente de ruralistas e comerciantes no bloqueio. Ninguém ligado a caminhoneiros ou transportadoras. Os grupos parecem vinculados a setores ultradireitistas do meio rural.

O relato coincide com as declarações do presidente da Associação Brasileira dos Caminhonheiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, que afirmou  que caminhoneiros querem voltar ao trabalho, mas estão sendo impedidos por “intervencionistas”.

 

FOTO – Caminhões na BR 262 em Minas – Douglas Magno / O Tempo

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Temer, o rejeitado, caiu na real; mas Meirelles, o iludido, ainda não https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/22/temer-o-rejeitado-caiu-na-real-mas-meirelles-o-iludido-ainda-nao/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/22/temer-o-rejeitado-caiu-na-real-mas-meirelles-o-iludido-ainda-nao/#respond Tue, 22 May 2018 19:23:07 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/2e583dd6b91d37fb3285a5bc5764e1b28fec546b552d879942727bbed52c7e69_5b04639d93a33-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=638  

Depois do devaneio de lançar-se à reeleição, quando apareceu em programas populares de TV, garantiu que defenderia seu legado e acreditou ter descortinado uma “jogada de mestre” ao decretar a intervenção no Rio, eis que Michel Temer caiu na real. Após novas pesquisas, que só confirmaram seus recordes de impopularidade, e na sequência de pressões de seu círculo próximo para que largasse o osso, Temer, o rejeitado, abdicou em favor de Meirelles, o iludido.

O ex-ministro da Fazenda, que também poderia ter como epíteto “o vaidoso”,  parece nutrir ambições presidenciais que, não fosse o senador José Serra (PSDB), poderiam ser consideradas sem paralelo. Meirelles tem a vantagem de possuir recursos para invetir em campanha e pertencer a uma legenda grande, com tempo de TV. Mas não tem nenhum enraizamento político. É mais para outsider do que outra coisa. E o que seria seu carro-chefe,  a sonhada  recuperação vigorosa da economia pós-Dilma, deu  lá uma andada, mas furou o pneu. Claro que o candidato contará com simpatias do mercado, mas isso não basta para ganhar eleição. Ademais, se o cálculo conspiratório do advento do espetáculo do PIB tivesse acontecido, seria, afinal, Temer, não Meirelles, o nome do MDB.

Apesar dos apelos do presidente, dificilmente o partido vai se unir em torno da candidatura. Nomes como Renan Calheiros, Roberto Requião e Eunício de Oliveira tendem a sair de lado. Quanto às possibilidades de futuro entendimento com Geraldo Alckmin, ainda é cedo para saber. O tucano tem muito mais estrada e mais perspectivas como candidato do que o ex-ministro.

A possibilidade, aliás, de que se repita em 2018 o padrão de uma candidatura de centro-direita contra outra de centro-esquerda não parece mais tão improvável quanto já pareceu. Alckmin, apesar de ainda estar em patamares baixos nas pesquisas, tem boas chances de ser o nome da centro-direita. Quanto à  centro-esquerda, Ciro Gomes, por ora, parece ter mais cancha para prosperar. Resta esperar a turma do PT receber alta do hospício para ver o que vai acontecer. Mas não é de descartar um racha, que leve alguns petistas mais equilibrados a apoiar a candidatura do PDT. A ver.

 

FOTO – Meirelles e Temer em Brasília, 22.05.2018. REUTERS/Adriano Machado

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