Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Deixar de fiscalizar parentes de políticos para ajudar bancos não parece boa ideia https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/01/26/deixar-de-fiscalizar-parentes-de-politicos-para-ajudar-bancos-nao-parece-boa-ideia/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/01/26/deixar-de-fiscalizar-parentes-de-politicos-para-ajudar-bancos-nao-parece-boa-ideia/#respond Sat, 26 Jan 2019 02:17:46 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/15464339485c2cb59cf35d9_1546433948_3x2_lg-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=1074 Em entrevista a Frederico Vasconcelos (leia aqui), Gilson Dipp, ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça e criador das varas especializadas em julgar lavagem de dinheiro, disse que não vê enfraquecimento da fiscalização e da investigação de casos de corrupção na proposta do Banco Central de interromper o monitoramento de movimentações bancárias suspeitas de parentes de políticos.

Dipp considera que a medida serviria para diminuir custos de bancos, responsáveis pelo acompanhamento –embora o setor, como se sabe, apresente lucros anuais robustos, mesmo em períodos de recessão, como vimos nos anos recentes.

Não deveria ser um grande dilema decidir entre aliviar as finanças bilionárias dos bancos e proteger a sociedade com fiscalização mais ampla e rigorosa.

Ninguém desconhece que políticos corruptos com frequência usam pessoas de suas famílias para ocultar operações ilícitas. Os nomes são conhecidos e estão aí, alguns já na cadeia. Sintomaticamente, esses próceres costumam se queixar quando os parentes por eles envolvidos em transações suspeitas aparecem no noticiário ou nas investigações.

Lembrar, como faz Dipp, que na Europa o número de pessoas expostas à fiscalização é significativamente menor do que no Brasil não é, com todo respeito, um argumento que ajude a justificar a mudança. As diferenças são evidentes.

O ministro aposentado contesta a relação  entre o escândalo Flávio Bolsonaro e a proposta do BC, já que o filho do presidente é ele mesmo um político. Mas não convém esquecer que o episódio trouxe à luz o nome da primeira-dama, Michelle, destinatária de um incômodo cheque do ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz. Não por acaso, representantes do governo eleito atacaram o Coaf, como se viu no ruidoso chilique de Onyx Lorenzoni, que acusou abertamente o órgão fiscalizador de tentar destruir a reputação do presidente.  E agora vem a  proposta de modificar as regras.

Levando em conta esse histórico, fiz aqui, em post anterior, uma provocação  relacionando o affair Flávio-Fabrício a iniciativas de recuo na transparência pública.  O propósito era manifestar perplexidade e chamar a atenção para retrocessos sob um governo que se elegeu com promessas de combater a corrupção e já se vê na defensiva, reagindo a denúncias documentadas que atingem a família presidencial. Na melhor das hipóteses rever os critérios do Coaf a essa altura do campeonato é uma coincidência infeliz –acompanhada, aliás, pelo decreto nebuloso do vice Hamilton Mourão que alterou normas da Lei de Acesso à Informação.

Entre outros, o próprio ministro Sérgio Moro, que vai se acostumando a engolir sapos, manifestou preocupação com a possibilidade de relaxamento dos controles. Felizmente, a proposta do BC vai a consulta pública e provavelmente –esperemos– será rechaçada.

 

FOTO NO ALTO – A primeira-dama Michelle Bolsonaro e o presidente na cerimônia de posse – Sergio Moraes/Reuters

 

 

 

 

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Caso Flávio só piora e é explosivo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/01/22/caso-flavio-so-piora-e-e-explosivo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2019/01/22/caso-flavio-so-piora-e-e-explosivo/#respond Tue, 22 Jan 2019 17:50:04 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Flavio-Bolso-320x213.jpeg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=1041 O governo de Jair Bolsonaro nem sequer completou um mês e Flávio, o “garoto” eleito senador, nem mesmo foi diplomado. Mas as relações perigosíssimas da família estão nas manchetes dos jornais e começam a emparedar o presidente.

A bomba mais recente: Flávio empregou até novembro do ano passado, em seu gabinete na Alerj (a Assembleia Legislativa fluminense), a mãe e a mulher do capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, 42, tido como um comandante da organização criminosa Escritório do Crime, ligada a milicianos e suspeita de ter participado diretamente do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018.

O capitão está foragido e é um dos 13 alvos de operação deflagrada pelo Ministério Público estadual para prender cabeças do grupo, que atua nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema, entre outras. Adriano e um colega de quadrilha foram homenageados por Flávio na Alerj.

Lembre-se que o governador Witzel, do Rio, foi fotografado ao lado de Daniel Silveira e Rodrigo Amorim, responsáveis pelo famoso episódio da quebra de uma placa com o nome de Marielle Franco. Todos são do PSL, partido dos Bolsonaros. Daniel e Rodrigo foram eleitos deputado federal e deputado estadual, respectivamente.

Com as novas revelações, as suspeitas que já pesavam contra Flávio e seu assessor Fabrício Queiroz ganharam mais peso e sentido.

O caso é explosivo. Será difícil Jair Bolsonaro fingir que não é com ele. O mal-estar entre  generais e outros membros do governo será incontível. É um daqueles imbróglios que quanto mais se tenta explicar, mais se agrava.

Era de imaginar que o novo governo em algum momento acabaria tropeçando em seus erros e em suas precariedades. Mas não se imaginava tanto e tão cedo. #sópiora. Parabéns aos envolvidos.

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