Blog do MAG https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br Thu, 30 May 2019 23:56:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Uma entrevista divertida com Antonio Dias, em Milão, 1990 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/08/uma-entrevista-divertida-com-antonio-dias-em-milao-1990/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/08/08/uma-entrevista-divertida-com-antonio-dias-em-milao-1990/#respond Wed, 08 Aug 2018 18:33:34 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/Antônio-2-320x213.jpg https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=898
Conheci Antonio Dias em 1990, em Milão, quando fui correspondente da Folha na Itália. Ele tinha 46 anos e eu 34 (bem, hoje posso dizer que éramos jovens!). Naquela época mantinha seu apartamento na rua Fratelli Bronzetti mas estava com um pé em Colônia, cidade que andava movimentada e atraía muitos artistas .
Ficamos amigos e continuamos nos encontrando ao longo desses anos. Sua morte e uma troca de mensagens com Lica Cecato, que foi sua mulher, me lembraram de uma entrevista que fizemos em seu apartamento milanês, em finais de 1990.
A parte mais legal foi um divertido “pinga-fogo” com perguntas e respostas curtas sobre arte e vida. Ele gostou quando viu. Reproduzo aqui.
PESSOAL E INTRANSFERÍVEL

Vício: “Fumar”
Comida: “Italiana e japonesa”
Restaurante: “Trattoria da Davide, no corso Garibaldi, em Milão”.
Costureiros: “Jeans, Armani e Lagerfeld”
Bebida: “Superalcoólicas”
Mineral com gás ou sem gás? “Água só de coco”
Rio ou São Paulo: “Os dois, com todas as diferenças”.
Milão ou Paris? “Milão e Colônia para trabalhar. Paris para passear”.
País a conhecer: “Toda a Ásia”
Rua: “Riachuelo, no Rio”.
Cor: “Cinza grafite e vermelho”
Collor: “O moço que eliminou as instituições culturais no Brasil”.
Ginástica: “Na cama”
Esporte: “Vide ginástica”
A pé ou de trem? “A pé. Adoro andar. Seria capaz de caminhar 24 horas sobre 24 horas, exceto, claro, durante as horas de ginástica”
Avião ou bicicleta? “Avião, sempre. Bicicleta, nunca”
Por que usa óculos: “Tenho tudo, astigmatismo, miopia, um pouco de vista cansada e glaucoma”

ARTE

Pincel ou brocha? “Brocha. E velha”
Começa a pintar de cima para baixo ou de baixo para cima? “Depende de onde estou”
Tela: “Belga, de linho, com preparação a gesso. Na falta, qualquer pano, depois de preparado”
Duchamp ou Picabia? “Os dois. Um diverte, outro faz pensar”
Picasso ou Mondrian? “Nenhum dos dois. Um diverte, outro faz pensar”
Salvador Dali: “Gosto, por incrível que pareça”
Crítico nota 10: No Brasil, Paulo Sérgio Duarte e Ronaldo Brito
Transvanguarda: “Um momento fraco”
Neo-conceitual: “Neo-déjà vu”
Performáticos: “Bom para ‘night’ de periferia”
Matéricos: “Consultar livros sobre o informal e o tachismo”
Vídeo: “Arte do futuro”
Cinema italiano: “Arte do passado”
Vernissage: “Estou aprendendo a evitar. É como ir à missa”
Bardi: “Bar de quem?”
Arte: “Imagina!”
Artista: Vivo, Jannins Kounelis. Morto, Joseph Beuys
Fotografia: Miguel Rio Branco
Galeria Alaska ou galeria Vitório Emanuele? “Não gosto muito de galerias”
Marchand nota dez: No Rio, Jean Bolghici; em São Paulo, Luisa Strina; em Badenweiler, Luise Krohn, que já fez 81 anos”
Marchand nota zero: “Giorgio Marconi, em Milão”
Verde: “Óxido de cobre ou folhagem”
Vermelho: “Naphthol Crimson”
Rosa: “Só Luxemburgo”
A melhor revista de arte: “Parkett, da Suíça”
A pior revista de arte: “Todas a pagamento. Serve também para o Brasil”
O colecionador: “Certamente não é o especulador”
Cores e sons: Gosto mais de música do que de artes plásticas”
Preto e Branco ou cores: “Sempre senti uma dimensão gráfica em meu trabalho, em termos de polarização, entre branco e preto. Ultimamente a cor está me chamando a atenção”

CANÇÃO DO EXÍLIO

Cinema: “O antigo Rian, em Copacabana”
Amigos de outros tempos: Roberto Magalhães, Jorge Mautner, José Agripino de Paula, José Resende, Wesley Duke Lee e Rogério Duarte
Por que saiu do Brasil? “Achava que era mais seguro”
Música brasileira: “Quase todo mundo. Cartola, Walter Franco, Itamar Assunção, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Hermeto Paschoal”
Marca de cigarro: Hollywood

PREFERÊNCIAS

Costura ou cultura? “Cultura”
Beatles ou Stones? “Os dois”
Mick Jagger ou Keith Richards? “Os dois juntos”
Secretária ou secretária eletrônica? “Secretária eletrônica”
Gabeira ou Cohn-Bendit? “Rude Dutchke”
O melhor do Brasil: “Só música”
O pior do Brasil: “Buracos nas ruas e assaltos”
Palavra escrita: “Os concretos e Octavio Paz”
Jorge Amado: “Vide entrevista dado no Brasil por Achille Bonito Oliva”
O chato: “Seria uma lista muito grande”
O burro: “Maior ainda”
Atriz predileta: Fanny Ardant
Ator predileto: Paulo César Pereio
Filme inesquecível: “’Le Chien Andalou’ (O Cão Andaluz), de Bunuel”
Diretor de cinema preferido: Glauber Rocha e Jean-Luc Godard
Jornal que lê quando está na Itália: “Depende, mas em geral são todos muito chatos”
Revistas semanais: “As internacionais. ‘Time’, ‘Newsweek’, ‘Nouvel Observateur’”
Lugar preferido em Milão: “Piazza Vetra, na região das colunas de São Lourenço. É um lugar belíssimo. Pena que tenha virado ponto de tráfico de drogas”
FOTOS:  2011 – Evelson de Freitas/Folhapress
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Tarso de Castro volta em filme que escorrega em chororô saudosista https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/17/tarso-de-castro-volta-em-filme-que-escorrega-em-chororo-saudosista/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/05/17/tarso-de-castro-volta-em-filme-que-escorrega-em-chororo-saudosista/#respond Thu, 17 May 2018 13:49:56 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/images.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=615 Tarso de Castro era uma lenda do jornalismo quando cheguei à Redação da Folha em 1984 para trabalhar na Ilustrada, com Matinas Suzuki Jr., Leão Serva e uma equipe que reunia nomões da geração “Pasquim”, como Sérgio Augusto, Paulo Francis, Ruy Castro, além do próprio Tarso, e uma turma de jovens promissores.

Eu tinha 28 anos de idade, Tarso, 43. Na Folha, ele já havia criado e editado o suplemento semanal de cultura “Folhetim”, mas àquela altura assinava uma coluna na Ilustrada. Tinha uma sala e uma assistente, a jornalista Lilian Pacce, que depois se transformaria numa referência na área de moda.

Chegava ao jornal, sapecava um beijo na boca de nossa compenetrada secretária, dona Vicentina, falava coisas divertidas, parodiava trejeitos de bicha, saía para beber durante o fechamento e acabava por entregar, nem sempre pontualmente, seu texto – que precisava ser submetido à aprovação prévia do “publisher” da Folha, Octavio Frias de Oliveira. A ditadura dava sinais de esgotamento, mas ainda vivíamos sob um regime militar, comandado pelo general João Baptista Figueiredo.

Lembro-me que certa vez, responsável pela edição do caderno, eu não tinha recebido, apesar da hora avançada, o  ok para a publicação da coluna. Aflito com a situação, fui cobrar do Tarso. Ele entregou o texto e disse para mim (aquele foca carioca precocemente alçado a editor) que já estava aprovado.  “Pode descer,  o Frias leu, está tudo bem”. Só que não. Hahaha. Tarso se divertia com essas coisas.

Eu gostava daquele espírito rebelde – e  ele parecia simpatizar comigo. Pouco tempo depois de eu ter chegado, elogiou-me em uma de suas colunas por uma crítica de música popular. Fiquei contente, mas sabia que o elogio também era uma forma de alfinetar os críticos da Ilustrada dos quais discordava.

No próximo dia 24 estreia um filme sobre ele.   “A Vida Extraordinária de Tarso de Castro”, com direção de Leo Garcia e Zeca Brito, traz à tela o personagem boêmio, sedutor, divertido e trágico, que morreu de cirrose, em 1991, pouco antes de completar 50 anos. O documentário revisita o criador do “Pasquim” e de outras tantas publicações, em suas peripécias, que começam em Passo Fundo (RS), sua cidade natal.

Há muitos depoimentos e personagens importantes, que vão de colegas de imprensa, como Jaguar, José Trajano ou Luiz Carlos Maciel, a amigos da área cultural, como Paulo Cesar Pereio e Caetano Veloso – padrinho, aliás, de João Vicente, o filho, que também aparece numa tensa conversa com Roberto D’Ávila.

O lado chato é aquela nostalgia toda, aquele saudosismo dos tempos românticos do jornalismo, segundo o qual naquela época tudo era incrível, era de verdade, era genial,  ao contrário dessa porcaria de hoje.  Entram em cena a falta de senso crítico fantasiada de senso crítico e avaliações rasas, muitas vezes ressentidas, sobre a imprensa pós-Tarso. O auge do chororô é uma marcha constrangedora sobre a Folha cantada ao piano por Paulo Caruso, sem nenhum contraponto.

 

FOTO: Imagem de Tarso no filme. Divulgação.

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Queermuseu volta no Rio para dar ‘basta a onda de obscurantismo’, diz curador https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/04/03/queermuseu-volta-no-rio-para-dar-basta-a-onda-de-obscurantismo-diz-curador/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/04/03/queermuseu-volta-no-rio-para-dar-basta-a-onda-de-obscurantismo-diz-curador/#respond Tue, 03 Apr 2018 12:43:35 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/11f0f1d6f8660e0609af40bb6b136df96ba9a1afcf8275f1804d3071d903761f_59b86e0a7ec83-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=567 Alvo de ataques e controvérsias, a  polêmica exposição  Queermuseu vai ser remontada no Rio, depois de ter sido fechada pelo Santander Cultural no ano  passado, em Porto Alegre.

O curador da mostra, Gaudêncio Fidélis, conversou com o Blog sobre as circunstâncias do veto, as pressões, as campanhas nas redes sociais, seu depoimento na CPI e outros temas que marcaram o episódio.  Para Gaudêncio, o Santander cometeu, em sua decisão de interromper a mostra, um “crime contra a arte e a cultura brasileira”.

A remontagem da Queermuseu vai acontecer na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, provavelmente em junho. Além da exposição, está prevista a realização de um seminário com diversas mesas de debates. Para bancar o evento foi promovida uma campanha de levantamento de fundos, por meio de doações, leilão de obras oferecidas por artistas e um show de Caetano Veloso –que aconteceu um dia depois do assassinato da vereadora Marielle Franco. Foram  arrecadados R$ 1.075.926  –um recorde em iniciativas desse tipo no país.

Blog – Quando você organizou a Queermuseu, no Santander de Porto Alegre, imaginou que a mostra sofreria tantas pressões? Como você viu a decisão da instituição de ceder às manifestações e fechar a exposição?

Gaudêncio Fidélis – Eu sempre tive plena consciência da força artística e política desta exposição. Desde que eu dirigi o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), entre  2011 e 14, e também durante a 10a Bienal do Mercosul, da qual fui curador, eu já observava manifestações de ataques de setores obscurantistas em direção à arte.

Poucas pessoas que eu lembre estavam prestando atenção e considerando a gravidade das manifestações. Mas de fato seria inimaginável que uma exposição como a Queermuseu fosse atacada como foi e que o Santander, seu patrocinador e realizador, fosse fechá-la abruptamente. É o banco que consuma esse crime contra a arte e a cultura brasileira. Sem a ação e conivência do Santander isso não teria acontecido.

Vale lembrar que as pressões realmente tomaram corpo quando o Santander fechou a exposição e condenou moralmente as obras através da nota que emitiu. Tal atitude reforçou a narrativa difamatória que estava sendo construída e deu legitimidade a ela diante da opinião pública. Para se manifestar a favor de uma exposição em que a própria instituição que a promove condena, e que se encontra fechada, ou seja, impossibilitada de averiguação pelo público, é preciso estar muito próximo dela, ter pleno conhecimento dos fatos, muita clareza sobre o avanço dessa onda obscurantista – ou, de outra forma, esperar que os fatos sejam esclarecidos. Caso contrário só resta mesmo os reacionários que odeiam a arte e a cultura e têm princípios incompatíveis com a democracia.

O Santander Cultural perdeu sua legitimidade como instituição. Usou o prestígio da classe artística durante esses 17 anos de sua existência para se instituir, e a atacou quando teria que ser defendida. Trata-se de uma instituição censora, que deveria ter suas portas fechadas, porque não podemos ser condescendentes com esse violento ataque e rompimento com os princípios mais básicos que uma instituição cultural deve manter.

Blog – Até que ponto manifestações de repúdio a uma mostra ou a outras produções culturais são aceitáveis? Há casos também, no Brasil e em outros países, de tentativas de setores de esquerda de impedir palestras e exibições de filmes e obras. Qual o limite da liberdade de expressão? A arte tem um estatuto diferenciado nesse contexto?

Gaudêncio – Manifestações de repúdio não são aceitáveis, mesmo quando a arte não obtenha consenso. O território de existência da arte é aquele do debate e do diálogo. Muito se fala sobre setores da esquerda que tentam cometer atos de censura, mas todas as vezes que lembro foram episódios baseados em alguma visão equivocada da interpretação de direitos aparentemente violados  –e não casos extremos como o fechamento de uma exposição de 264 obras de 85 artistas. De fato a esquerda cometeu diversos erros na sua interpretação da dinâmica artística e cultural –e a direita cometeu atrocidades muitas vezes.

Mas, no caso, temos uma ação concatenada e vasta dirigida contra a Queermuseu, da qual fazem parte outros ataques, como aqueles direcionados às religiões de matriz africana, ao carnaval, ao universo acadêmico. Não podemos confundir isso com casos isolados|. Ações de censura isoladas são graves, mas é preciso diferenciá-las de um plano dentro do qual a Queermuseu foi inserida.

Todos estão aprendendo com o processo desencadeado pela censura à Queermuseu –e esperemos que os setores mais progressistas da sociedade também aprendam. Não deve haver limite para a liberdade da expressão artística, à exceção de postulações de ódio ou racismo, por exemplo, como está previsto na Constituição. A arte não seria arte se promovesse crimes. Esse é um pressuposto elementar do objeto artístico, que é universal e todos que trabalham com arte sabem disso: se a arte ingressa no terreno do crime, imediatamente é destituída de sua condição artística, pois isso tem influência nas prerrogativas artísticas e estéticas que a constituem.

Portanto, sim, temos que fazer uma diferenciação entre a liberdade de expressão artística e a liberdade de expressão em geral. Uma não tem prioridade sobre a outra, mas a segunda envolve territórios mais vastos que não estão assegurados pelas prerrogativas que designam o que seja um objeto de arte ou não. 

Blog – Quais foram os momentos mais difíceis pelos quais você passou nesses meses?

Gaudêncio – Talvez tenha sido convencer as pessoas mais próximas que a estratégia de enfrentamento a esses ataques não seria ficar calado, como se tudo fosse, eventualmente passar. Eu sempre tive essa consciência, de que não iria passar e que nenhum setor da sociedade escaparia ‘as consequências desses ataques. Também foi difícil fazer com que muitas pessoas entendessem que o caso da Queermuseu está relacionado a um crescimento do fundamentalismo no país, mesmo porque ele adquire aqui uma engenharia complexa, pois une a ultradireita, alguns setores do capital financeiro, o neopentecostalismo, e grupos fascistas como o MBL (Movimento Brasil Livre), além de outros.

Cada um com interesses diversos, mas no centro dessa união estão a direita e a ultradireita juntamente com o fundamentalismo religioso. Precisam um do outro, pois o populismo da “teologia da prosperidade” dos neopentecostais é indispensável para essa equação política. O esforço físico e mental que fiz e continuo fazendo para dialogar incessantemente com parcelas da população e tentar esclarecer a opinião pública representou um desafio extraordinário nesses últimos tempos.

Blog – A ideia de convocar um curador de arte para depor na CPI dos ”Maus Tratos” do Senado  pareceu um despropósito, uma medida sem sentido –a não ser o de chamar atenção e servir de palanque para o senador Magno Malta (PR). Alguns sugeriram que você não falasse, mas você acabou depondo e saiu-se, segundo as avaliações gerais, bem. Como foi esse processo?   

Gaudêncio – A maneira como a CPI dos Maus Tratos, destinada inicialmente a investigar “maus tratos em crianças e adolescentes”, foi transformada em um instrumento de criminalização da produção artística e dos artistas (e, pior ainda, com motivos obscuros e eleitoreiros) é uma coisa muito grave. Como tudo, aliás, que o senador Magno Malta faz.

Felizmente houve um entendimento por parte da maioria da comunidade artística e cultural da gravidade do que estava acontecendo. Um processo de resistência e articulação política foi colocado em curso para que se barrasse a condução coercitiva no âmbito do Legislativo e da CPI. Se esse instrumento fosse adotado, não há dúvida que parlamentares inescrupulosos passariam a usá-lo indiscriminadamente para fins obscuros. Essa articulação envolveu a mobilização de grandes parcelas da sociedade, de parlamentares, juristas e lideranças de diversas áreas.

Talvez muitos ainda não entendam o que realmente aconteceu ali, mas barramos uma das maiores investidas obscurantistas que este país já viu depois da ditadura em direção à arte e à cultura. As implicações seriam trágicas para todos. Este é um caso em que houve uma disputa sobre a estratégia  que eu deveria adotar na abordagem do depoimento da CPI, mas vencida esta etapa, creio que é evidente que falar para a sociedade brasileira, e não para o senador Magno Malta, foi a escolha correta.

Blog – A montagem da Queermuseu, que será reaberta nos próximos meses no Parque Laje, no Rio, retoma uma história que foi interrompida com o endosso explícito do prefeito carioca, Marcelo Crivella. Qual o significado dessa iniciativa?

Gaudêncio – A intervenção do prefeito Marcelo Crivella entrará para a história como uma das mais desprezíveis investidas feitas por um administrador público contra a arte. Ela foi uma atitude covarde e oportunista, pois o prefeito não só mentiu para a sociedade brasileira e para a população do Rio de Janeiro, como utilizou a máquina pública ao fazê-lo.

Vale dizer que ele só faz isso porque tem foro privilegiado. Do contrário duvido que o fizesse pois seria processado por suas calúnias. Além disso, ele faz uma associação perniciosa e vil entre um dos aspectos mais relevantes da paisagem da cidade do Rio de Janeiro, que é o mar, e um das mais importantes instituições brasileiras, o Museu de Arte do Rio (MAR). Por tudo isso e muito mais ele não é digno dos votos que recebeu da população que supostamente deveria representar. Ao proibição de montar a mostra no MAR foi a  segunda censura imposta à Queermuseu.

Reabrir a exposição é portanto uma forma de dar um basta a esta onda de obscurantismo que avança sobre o país. Pretendemos também criar um grande fórum de debates paralelamente à exposição para discutir todas estas questões que envolvem a exposição e que são extremamente relevantes, especialmente no ano em que o Brasil realiza aquela que poderá ser a mais importante eleição do período pós-ditadura.

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Inspirado em Bosch, Pearl Jam faz cartaz para show no Rio com crítica à violência https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/03/21/inspirado-em-bosch-pearl-jam-faz-cartaz-para-show-no-rio-com-critica-a-violencia/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2018/03/21/inspirado-em-bosch-pearl-jam-faz-cartaz-para-show-no-rio-com-critica-a-violencia/#respond Wed, 21 Mar 2018 20:37:31 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Pearl-Jam-Rio-320x213.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=549 A banda Pearl Jam,  clássico grupo de rock dos tempos do grunge,  anunciou seu show na noite desta quarta (21/03), no Rio, com o cartaz acima.

Segundo a explicação oficial, dada no Istagram, a peça “é uma homenagem ao Rio de Janeiro – especialmente para as pessoas da favela da cidade que, apesar da desigualdade obscena, encontram maneiras de construir cidades nas encostas das montanhas”.

A inspiração para as figuras veio do pintor holandês Hieronymus Bosch (1450-1516), que imaginava criaturas absurdas – no caso elas foram substituídas por representantes da fauna brasileira.

 

 

 

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Javier Mayoral faz humor ‘cool’ com pequenas pinturas, ícones da cultura e surrealismo https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/javier-mayoral-faz-humor-cool-com-pequenas-pinturas-icones-da-cultura-e-surrealismo/ https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/2017/12/22/javier-mayoral-faz-humor-cool-com-pequenas-pinturas-icones-da-cultura-e-surrealismo/#respond Fri, 22 Dec 2017 23:58:51 +0000 https://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/unnamed-2-180x150.jpg http://blogdomag.blogfolha.uol.com.br/?p=97 “Acabei de me tocar que ficaria muito bem de bigode”, diz a legenda da imagem acima. Gosto das pequenas pinturas-cartuns de Javier Mayoral. Irônicas, surrealistas, melancólicas, eróticas. Se você não conhece, pode segui-lo no Instagram, onde é @pulpbrother.

Ele tem um site no qual reúne e vende seus trabalhos. Produz sem parar. Repete-se sobre ele na internet que é espanhol, mora em Miami, é chef e pintor autodidata. Tem um livro à venda na Amazon e já fez uma ilustração para a revista “Piauí”.

Brinca com ícones da cultura, de Nietzsche a Bob Dylan; faz crônica sarcástica da vida contemporânea; zoa políticos; e às vezes pinta apenas retratos, sem legendas. Entre incontáveis, tem um de Tom Zé e um de Vinicius de Morais.

A seguir algumas de suas divertidas pinturinhas, em acrílico sobre madeira:

No meu sonho eu estava escalando um rolo de papel higiênico extra macio que estava por quebrar
O pintor figurativo Francis Bacon comendo ovos com bacon
Nós estamos no prcesso de redecoração de nossa sala
Segura… Estou quase lá…
Friedrich Nietzsche ocasionalmente dava um tempo do niilismo
David Lynch e seu computador
O cachorro médio é uma pessoa mais legal do que a pessoa média
Segura aí, não mexe, acho que é isso
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