Yes, nós somos bananas

Marcos Augusto Gonçalves

Como uma excursão de pré-adolescentes deslumbrados à Disney, a delegação governamental do Brasil, liderada por Jair Bolsonaro e seu filhote, Kid Edward, foi visitar os Estados Unidos para oferecer ao mundo um espetáculo de subserviência. Já aviso logo à turba bolsonarista das redes sociais que não compartilho do antiamericanismo dogmático de alguns setores da esquerda, não culpo os americanos por nossos próprios problemas de desenvolvimento, gosto da democracia liberal e preferiria morar em Nova York do que em Pequim, Teerã, Caracas ou Havana.

Posto isso, foi um show de bananice de nos deixar envergonhados. Num festival de concessões de ocasião, sem contrapartidas palpáveis, o governo brasileiro encenou mais uma opereta de amadorismo e deficit intelectual.

O embaixador lelé deu chilique porque  Kid Edward foi encontrar com o ídolo supremo da turma e ele ficou do lado de fora, coitado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, num discurso constrangedor, suplicou aos EUA que deixassem o Brasil entrar na OCDE, porque agora “a gente pula com a perna direita”. Vocês são o único obstáculo a isso –choramingou, dirigindo-se a Tio Sam. E arremarou: “Mas se não der, tudo bem”….

Natural que se noticie a insatisfação dos generais com o passeio. Pelo menos têm o mínimo de noção de organização, estratégia etc. Todas as melhores tradições de nossa diplomacia foram para a lata do lixo. Sem nenhuma altivez (a palavra, destaco aqui, era usada pelo general Geisel, na época da ditadura, para definir a atitude que o Brasil deveria ter diante dos EUA), Bolsonaro e suas pulgas amestradas enfiaram os pés pelas mãos.

Talvez esperando pelo ingresso na Otan (imagino o capitão fazendo arminha para Trump, que devolve a mímica com soquinhos), o presidente aderiu à retórica intervencionista americana contra a Venezuela, em afronta ao bom senso e à linha histórica do Itamaraty.

A pataquada, como se sabe,  contou com o patrocínio jeca de Olavo de Carvalho, o ideólogo red neck que parece fixado em sexo anal  (mais uma vez ele tocou no assunto ao dizer, em entrevista, que estava  “com o cu na mão”). O fato de que seja conhecido como “guru de Bolsonaro” diz muito sobre a estatura desse personagem sinistro. Terminada a excursão, vamos agora esperar o novo eletrizante episódio de nossa “Loucademia de Milícia”.

 

FOTO AO ALTO – Bolsonaro e Donald Trump se cumprimentam durante entrevista coletiva no jardim da Casa Branca – Tia Dufour/White House