Escândalo Flávio Bolsonaro explica ataque contra transparência pública
O escândalo que envolve Flávio Bolsonaro, o garoto número 1 do presidente, metido em transações suspeitas e associado a milicianos criminosos, parece ter levado o governo a deflagrar uma ofensiva contra a transparência.
É espantoso que após tanta retórica contra a corrupção e pela mudança do “sistema”, o grupo que chegou ao poder comece por dificultar o acesso da sociedade a dados públicos –uma garantia constitucional.
Duas medidas concomitantes vão nesse sentido. A primeira é o decreto assinado pelo presidente interino Hamilton Mourão, que altera regras de aplicação da Lei de Acesso à Informação e autoriza ocupantes de cargos comissionados a classificar dados do governo federal como ultrassecretos. Mais funcionários agora podem decidir pelo sigilo máximo de 25 anos.
Como bem disse o ex-presidente da Comissão de Ética da Presidência, Mauro Menezes (2016-2018), “o sistema de transparência pública sofre um golpe duro com essa ampliação indiscriminada dos agentes capazes de impor sigilo a dados públicos”. Deve ser um marxista globalista corrupto…
A outra medida, patética na evidência de suas motivações, é a tentativa do Banco Central de excluir parentes de políticos da lista de monitoramento obrigatório das instituições financeiras. É a Lei Flávio Bolsonaro! A propósito, cabe a pergunta, mulher de político é parente?
O BC também quer derrubar a obrigação de notificações ao Coaf relativas a transações bancárias acima de R$ 10 mil.
Ou seja, o governo do Mito que veio para acabar com a corrupção já está criando maneiras de facilitá-la.
Quanto a Flávio, vai sendo entregue às baratas. Em nome do pai, pode acabar renunciando a seu mandato como senador.
FOTO = O presidente interino, Hamilton Mourão, deixa o gabinete da Vice-Presidência na última segunda (21) –