Coxa, Haddad prega para convertidos e dá esperança a Ciro Gomes

Marcos Augusto Gonçalves

Petistas comemoraram nas redes sociais o desempenho de Fernando Haddad em entrevista à Globonews na noite de quinta-feira (6). Convidado formalmente como vice para a série de sabatinas da emissora, o ex-prefeito, como se sabe, é o virtual candidato do PT à eleição presidencial.

Compreende-se que sua performance tenha agradado a militantes de classe média e da esquerda caviar que acompanharam o programa. Haddad comportou-se como um advogdo de seu partido esgrimindo argumentos do tipo inteligentes e articulados  –alguns bons, outros fracos— para condenar as assimetrias que se impuseram com a condenação de Lula e denunciar o papel dos derrotados por Dilma, a começar pelo tucano Aécio Neves,  na articulação de uma conspiração para invalidar o resultado das urnas.

Haddad falou para uma plateia de gente educada progressista, que é o seu forte. Obrigado a carregar o peso do arco de tendências do PT, onde não é e nem nunca foi unanimidade, viu-se constrangido a ser tímido no reconhecimento dos erros cometidos pelo partido e ranzinza na resistência à autocrítica e à flexibilidade.

Aguns parecem ter visto na entrevista um duelo entre a mídia golpista e o super-herói lulista. Bobagem. Primeiro porque hoje existem dois tipos de golpistas no Brasil, os que eram aliados do PT e os que continuam sendo.

Depois porque não é esse o ponto. Embora a Globonews não seja fórum de massas, a questão é saber se o ex-prefeito vai conseguir ter apelo popular, o que lhe faltou em São Paulo, e se será capaz de seduzir parcela dos não convertidos de classe média.

Haddad, goste-se ou não, é coxa. É hoje o mais tucano, no sentido histórico, dos petistas. Na entrevista,  arrumadinho, parecia uma espécie de new FHC do quem sabe new PT.

Se for nessa toada, vai depender, ainda mais do que se poderia imaginar, do dedaço de Lula. E enquanto não se opera o milagre da transmutação, Ciro Gomes parece ganhar espaço para crescer no espectro da centro-esquerda.