Atentado aumenta instabilidade com aprovação bizarra do “mercado”

Marcos Augusto Gonçalves

 

O atentado contra o candidato Jair Bolsonaro acrescenta uma dose de violência e imprevisibilidade a um processo eleitoral já conturbado por suas características inusuais.

O fato de o responsável pelo atentado ter sido filiado ao PSOL e manifestar opiniões que podem ser identificadas como de esquerda nas redes sociais é um complicador a mais. Os apoiadores do candidato não vão aceitar facilmente a tese de que foi um fato isolado, uma ação solitária.

Em caso contrário –uma facada desferida contra um candidato de esquerda por um sujeito que se identificasse com Bolsonaro— haveria reações análogas.

O momento e o clima favorecem a pós-verdade .

Foi bom que os demais concorrentes tenham prontamente se manifestado contra a violência ocorrida em Juiz de Fora. Violência, diga-se, que de certa forma questiona teses defendidas por Bolsonaro, como a ampliação do porte de armas de fogo.

Um aspecto bizarro do episódio foi a reação do “mercado” que providenciou especulação com o dólar e a Bolsa na sequência do ocorrido. A moçada das mesas  deve estar tomando o remédio errado.

Aliás, em grande parte a instabilidade institucional que o país atravessa deriva de um cálculo equivocado de setores do capital aliados a oportunistas políticos (e também a pessoas de boa fé) que viram no impeachment uma perspectiva de reativar ganhos e mudar a  economia tomando um atalho  imprudente.

Quanto a isso, aliás, recomendo a leitura da coluna de Monica de Bolle na revista Época (aqui). A economista,  que foi favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, agora conclui: “Ao remover lentes ideológicas e partidárias, é impossível afirmar que o impeachment de Dilma não levou ao descrédito institucional que hoje contamina o país”.

Em junho, aqui no blog, eu conclamava a uma autocrítica do que passei a chamar ironicamente de “golpeachment”.