Capacidade de transmissão de votos de Lula para Haddad é a maior incógnita
As pesquisas Ibope e Datafolha, que fecham o ciclo pré-campanha na TV e no rádio, convergem ao detectar um aumento das preferências pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva. No levantamento do Datafolha divulgado nesta quarta (22/8), o petista atinge impressionantes 39%. O movimento coincide com o início da transição que o PT terá de fazer do ex-presidente, condenado em segunda instância, para seu vice de mentirinha, Fernando Haddad.
A ideia da sigla, como se noticia, é martelar por ora a dobradinha “Lula e Haddad” para em breve, com a provável inabilitação do postulante preso, mudar para “Lula é Haddad”. A resiliência do líder petista aumenta a possibilidade de exploração da ideia de que uma injustiça é cometida em prejuízo da democracia –restando a escolha do ex-prefeito de São Paulo para o Brasil “voltar a ser feliz”.
Se vai dar certo, não se sabe, mas Haddad é pouco conhecido e tem um caminho a ser desbravado.
Não há dúvida de que a chamada “era Lula” é a grande referência presente de um tempo de resultados favoráveis para a maioria da população. É certo também que o governo Temer, marcado por enorme impopularidade, acusações de corrupção e insucessos variados, acabou por requalificar o lulismo, que parecia em certo momento nocauteado.
O petismo, não se discute, enfrenta problemas. Parcela expressiva (48%) diz que não votaria em alguém indicado por Lula. Retrato do momento ou tendência a se consolidar? Essa a pergunta que não quer calar: qual será afinal a capacidade de transmissão de votos do ex-presidente para Haddad?
No front da direita, apesar de manter-se firme como segunda opção, Jair Bolsonaro pode estar batendo em seus limites. Não cai, mas também não sobre. E é o rei da rejeição. Enquanto isso, Geraldo Alckmin continua patinando em baixos patamares, mas faz um brilhareco em simulações de segundo turno. Não é prudente descartar uma mudança de trajetória, dado o tempo de TV e as máquinas envolvidas na candidatura do ex-governador paulista.
Essas foram as últimas pesquisas de uma série importante, mas limitada pelo fato de a fase decisiva das campanhas (a partir de setembro, com o horário de TV) não ter começado. Muita água ainda vai correr, mas o desenho de uma final clássica entre “azuis e vermelhos” parece provável. Na pele de quem? Haddad x Alckmin seria uma boa aposta, mas ainda não mais do que isso.
Sim, um tertius pode surgir –Marina tingiria de verde a disputa? Quem sabe. É bom lembrar que não estamos diante de uma eleição “normal” como outras. É larga ainda a magem para o imponderável.