Osorio, treinador do México, perdeu uma grande chance de ficar calado

Marcos Augusto Gonçalves

O treinador Juan Carlos Osorio, da seleção mexicana, perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado. Depois da insofismável derrota de seu time para os brasileiros, saiu-se com um chororô lamentável na entrevista coletiva.

O colombiano disse que os quatro minutos de paralisação do jogo por conta de “um jogador” foi uma vergonha para o futebol e que a arbitragem, ao permitir interrupções, foi responsável pela quebra do ímpeto inicial de sua equipe.  Osório não citou o nome, mas referia-se a Neymar –que engoliu a bola e o México. O técnico esqueceu de dizer que o responsável pela interrupção foi, na realidade, quem pisou no tornozelo do craque brasileiro quando ele estava caído fora de campo.

Osório disse mais bobagens: que Neymar seria um mau exemplo para as crianças, que futebol é jogo viril, para homens, e que sua equipe controlou a partida por ter tido mais de posse de bola.

Bem. Neymar pode até ter feito algum teatro, mas ele foi a vítima e a dor é dele. Mau exemplo mesmo quem deu foi a seleção mexicana, que cometeu 17 faltas, contra 6 do Brasil –sem falar da demonstração de fair play que é pisar num adversário  no chão.

Sobre futebol ser jogo viril e para homens, sem comentários. Esperemos que o professor tenha pensado em dizer outra coisa e se enrolou.

Quanto a controlar o jogo por ter 51,4% de posse, contra 48,6% do Brasil, basta lembrar a Espanha, a seleção que mais deteve bola na Copa e foi desclassificada, como foram os mexicanos. Osorio levou um banho de bola tático, físico e técnico. Seu time cansou e foi envolvido pelos brasileiros. Tite deu aula.

Todos criticamos Neymar no início da competição por atitudes que pareciam mesmo equivocadas. Mas nos dois últimos jogos, ele tratou de jogar bola. E muita bola.

Ainda assim permanece essa onda patética de marcação sobre ele. Aliás, o ator Matthew Lewis, o Harry Potter, usou essa palavra numa rede social para definir a grande estrela do Brasil e da Copa. Patético. Outros também atacaram o brasileiro. Caso do conterrâneo de Lewis, o grande artilheiro inglês Gary Lineker.

Como assim?  E ninguém vai falar sobre o fato de Neymar estar sendo caçado em campo? É o jogador que mais levou faltas. Antijogo e violência não devem ser criticados?

Será que vi uma ponta de inveja nos comentários dos dois britânicos? Tudo bem que os ingleses inventaram o futebol, mas daí a querer acabar com ele vai uma distância.

 

FOTO – Neymar comemora seu gol contra o México – Fabrice Coffrini/AFP