Sansão às avessas, Neymar corta penteado e faz gol; time evolui
Acho que vou discordar de meus colegas da Folha que cobriram o jogo do Brasil contra a Costa Rica e escreveram que o time voltou a decepcionar.
A seleção me pareceu bem melhor do que na estreia. Se houve nervosismo, não foi o bastante para desorganizar a equipe como aconteceu contra a Suíça, quando a performance caiu depois do gol e despencou com o empate. O simples placar vitorioso contra a Costa Rica, embora conquistado no final (mas no final também vale), não deixa dúvida sobre a melhora.
Tite substituiu bem (raro hoje em dia ver um técnico mudar jogador no intervalo em vez de retornar com a mesma formação para trocar com o segundo tempo já andado) e a seleção martelou o tempo todo. Teve muitas chances. Chutou mal a gol, esse foi o problema. Muita bola em cima do goleiro. E Neymar mandou para fora uma que em condições normais guardava.
O nosso craque maior ainda não voltou ao patamar em que estava antes da cirurgia. Está sem o famoso “tempo de bola”. Além disso, é um crianção narcísico, muitas vezes irritante, que não consegue controlar seu estrelismo de peladeiro. Mas joga muito. Se continuar evoluindo, as chances da seleção só aumentam. Ontem foi um Sansão às avessas: cortou o cabelo (aquilo era cabelo?), melhorou e fez um gol.
Ficou no ar a impressão de que Douglas Costa ganhou a posição. Entrou muito bem no lugar de Willian, que jogou aquém do esperado nos dois jogos.
Paulinho saiu numa troca até certo ponto surpreendente, dando lugar a Firmino. Nesse esquema com o quarteto mais ofensivo ele aparece menos na área. Tem que ficar mais um pouco e perde parte do que é sua maior virtude – ser o tal “elemento surpresa” que se infiltra para marcar.
Tite pareceu um pouco mais calmo, apesar do tombo-meme. Na estreia só passou nervosismo para seus jogadores e errou ao dizer numa coletiva que o time não precisava ganhar o primeiro jogo porque até com 5 pontos poderia se classificar. Pode ser, mas um comandante não começa uma jornada dizendo aos comandados que não precisam ganhar. Veremos contra a Sérvia se a evolução continua. França, Espanha e Bélgica estão jogando bem. Outros, como Alemanha, ainda podem se recuperar. Tá osso, mas o Brasil pode chegar lá. O time é bom.
Foto – Neymar e Coutinho – Max Rossi / Reuters