Temer adota ‘solução Bolsonaro’ e assume grande risco com intervenção

Marcos Augusto Gonçalves

Ao decretar a intervenção na Segurança Pública do Rio, o presidente Michel Temer adotou a “solução Bolsonaro” para o problema:  a militarização do setor.  Solução?

No curto prazo, como se viu em outras intervenções pontuais, é até provável que se obtenha algum tipo de diminuição da explosão caótica da violência no Estado.

Mas os custos e consequências da decisão, em termos do funcionamento das instituições e da democracia, podem se revelar altos e danosos. Outros Estados vivem situação semelhante. Teremos uma ampliação da intervenção militar em plano nacional?

O Exército não é uma força treinada para assumir esse tipo de tarefa. O uso de uma Guarda Nacional seria menos inapropriado, mas ainda assim problemático. A transferência do comando e das operações para  as Forças Armadas, como disse o presidente da Câmara, o carioca Rodrigo Maia, é “um salto triplo sem rede” –e “não dá para errar”.

A necessária reformulação das polícias e o combate mais eficaz à criminalidade não vão acontecer de maneira satisfatória  “manu militari”.

A intervenção não é apenas fruto da falência financeira do Rio, mas da fraqueza do atual governo e dos erros persistentes da política de segurança que vem sendo praticada no Brasil nas últimas décadas.

Os problemas exigem reformulações estruturais e duradouras. O atalho da militarização é extremamente perigoso, expõe as Forças Armadas a enormes riscos e pode aumentar as insatisfações que já se manifestam entre militares.

POST SCRIPTUM

Acrescentando ao post acima:

É a típica situação brasileira que sabemos como começa e não temos ideia de como termina.

Embora possa não ser “a” proposta a ser adotada (há visões divergentes sobre o assunto e a legalização da maconha e/ou drogas é sempre polêmica), essa entrevista que fiz com Luiz Eduardo Soares na estreia do Blog dá uma ideia da complexidade da coisa e da necessidade de se pensar a longo prazo. Uma ação imediata mais drástica pode até ser necessária, mas desde que se saiba muito bem para onde vamos caminhar. Sabemos?